Além de artista plástico, Edinel Pereira é paisagista e decorador. Ele produz suas peças utilizando, na maioria das vezes, material reciclado, entre eles a sessão de classificados do Jornal Folha de Boa Vista. A ideia surgiu enquanto dava aulas de artes em um workshop para alunos de escolas do ensino público.
Segundo Edinel, ele demorou a intitular-se artista primeiramente por não ter começado suas obras em telas. “Eu não tinha contato com telas. Desenhava com carvão e pedras, entalhava madeira e criava com areia”, explica. A criatividade para transformar materiais inusitados em obras de arte existe até hoje.
“Em sala de aula, estávamos sem material. Muitas vezes a criança não têm acesso a produtos que costumamos usar. O jeito é ser criativo. Assim comecei a usar a folha do jornal, incentivando as crianças a utilizarem material que elas podem encontrar em casa, além de incentivar a preservação do meio ambiente”, contou.
Em cada peça, referências aos buritizais e à natureza do lavrado, que são suas fontes de inspiração, além da cultura afro-brasileira e das tradições indígenas. Há também referências às pinturas rupestres, que são abundantes.
Edinel Pereira tem 48 anos e desde criança aborda a arte sem amarras e definições. Em sua infância construía seus próprios brinquedos e reconstruía peças que originalmente seriam jogadas no lixo. Suas obras dão continuidade a essa brincadeira de criança. Em sua galeria, há diversas peças de artes feitas de material reciclado. Além de jornal, ele usa garrafas, pedaços de madeira, entre outros. Talvez por isso Edinel tenha demorado a intitular-se como artista, principalmente por não ter começado suas obras em telas comuns.
Nascido em Mucajaí, Edinel teve uma infância pobre. Filho de agricultores, precisou criar seus brinquedos. “Nessa época, o que encontrava pelo chão se transformava em algo”, comenta. Entre seu acervo artístico, materiais como discos de vinil, areia, telhas, tijolos e papelão se transformam em peças que contam um pouco sobre a história e a beleza da cultura amazônica, uma das suas maiores inspirações.
Segundo ele, Roraima é um estado com muitas misturas culturais, o que proporciona vários desafios para o artista. “Na arte, gosto de abordar novos temas, faço trabalho por encomendas, não sigo um estilo. Algumas pessoas chegam a pensar que as minhas exposições são feitas por vários artistas, pois cada obra crio de uma forma diferente”, conta.
Ele é o único representante roraimense na Academia Brasileira de Artes Florais (ABAF). Sua agência fica localizada na no Bairro dos Estados, rua Paraná, 32. Informações podem ser obtidas pelo número 99159 25 01.