Da música à dança e do grafite à moda, o hip-hop se destaca cada vez mais como um movimento cultural em ascenção. Nascido nos Estados Unidos, chegou ao Brasil há 50 anos e se espalhou pelos estados brasileiros até vir para Roraima, há cerca de 30 anos. Agora, os artistas locais celebram a inclusão do gênero, pela primeira vez, nos editais de incentivo à cultura do estado e da capital, por meio da Lei Paulo Gustavo.
O dançarino de break Marco Antônio Castro, conhecido como Formiga, o grafiteiro Ricks, e os cantores de rap Mc Frank e Gabriel Carreiro estão entre os quase 30 artistas contemplados pelos editais. Segundo eles, o incentivo será transformado em diversos novos produtos culturais, como clipes musiciais.
Grafiteiro há 15 anos e representante cultural, Ricks, de 39 anos, afirma que os integrantes do hip-hop em Roraima têm se unido para reivindicar o reconhecimento do movimento pelos órgãos públicos voltados para o setor cultural.
“Como a gente vem de uma contracultura de rua, que ainda está sendo construída, algumas pessoas do movimento não têm noção de que podemos ingressar nesses editais de incentivo, devido aos descasos que já sofremos pelo poder público. Então, foi preciso de muito trabalho nos bastidores para que isso acontecesse, muitos debates com a Secult e a Fetec. Foi muito difícil fazer eles entenderem que a nossa classe cultural está se organizando e precisa do incentivo da verba pública. É um passo gigantesco para nós”, explicou.
Conforme Gabriel Carreiro, de 43 anos, que também é da Associação de Músicos de Roraima, foi preciso realizar um levantamento dos artistas roraimenses de cada segmento do hip-hop, a fim de esclarecer como funciona o movimento e as demandas deles para os órgãos públicos. Ao todo, são mais de 100 artistas do gênero que exploram todas as vertentes do hip-hop.
“O segmento em si não tem recursos para financiar grandes projetos. Todos nós pagamos impostos, inclusive o povo do hip-hop. Então, se há um recurso público, todos os segmentos culturais precisam ser incluídos”, disse.
Mc Frank, que dedicou 18 dos 39 anos de vida ao hip-hop, ressaltou que, com os incentivos, todo o setor cultural e a população de Roraima serão beneficiados, pois serão produzidos trabalhos com mais qualidade. Ele mencionou que, na maior parte das vezes, todas as produções de hip-hop eram financiadas pelos próprios artistas. Portanto, essas oportunidades irão fortalecer ainda mais o movimento no estado.
“Hoje, a gente consegue desfrutar de direitos nossos, que foram conquistados com muita luta e união. É movimento que resiste com muita perseverança e vai continuar por mais 30, 50 anos. Nesses editais, foi avaliada a trajetória dos artistas, então contemplaram as pessoas que estão há anos nesse meio. Alguns também foram beneficiados na categoria audiovisual, isso é muito bom para nós”, afirmou Mc Frank