Cultura

Ativista pede através de cartas que Papa Francisco venha a Roraima

O documentarista esteve na Venezuela onde se disfarçou de padre para encontrar Juan Guaidó

Dado Galvão é um documentarista de 38 anos. Ao longo de sua carreira, produziu filmes com poucos recursos, mas que tinham em comum a intenção de demonstrar e transformar realidades prejudicadas. Entre esses documentários, se destaca a produção interrompida sobre a crise migratória na Venezuela.

Nascido em Jequié, na Bahia, Dado se interessou na questão venezuelana a partir da entrada da Venezuela no Mercosul. Ao tentar visitar o país, Galvão foi alertado sobre a difícil entrada com os equipamentos de filmagem. “Pelo histórico de jornalistas que tentaram passar na fronteira, tem que ter cuidado com o uso de câmeras. Após consultar algumas pessoas de Roraima, decidi que iria com a camisa clerical”, explicou.

A produção ocorreu em 2019, porém não está possibilitado a publicar o material. O ativista tem noção do problema e acredita que chamar a atenção do Papa Francisco e trazê-lo à fronteira entre Brasil e Venezuela é uma solução para dar visibilidade a essa pauta.

“O papa é um cidadão argentino, ele é do Mercosul. Além de ser um líder religioso, ele é um chefe de estado. Isso traz uma sensibilidade a mais, porque ele é da região latino-americana”, afirmou em entrevista à FolhaBV.

Para tentar convencer o pontífice a viajar 8,5 mil quilômetros até Roraima, Dado tem escrito cartas a diversas pessoas influentes. A lista inclui 28 personalidades: seis religiosos católicos, dois religiosos protestantes, 18 políticos e dois apresentadores de televisão — José Luiz Datena e Luciano Huck.

 Em sua visita à Venezuela, que durou 15 dias, Dado conseguiu uma entrevista com o autoproclamado presidente Juan Guaidó. Durante o encontro, o ativista estava com a camisa clerical, porém confessou a Guaidó que não era sacerdote. O encontro durou cerca de 40 minutos e foi registrado.