A cultura indígena está presente no Arraial Macuxi, a maior festa popular de Roraima, no Parque Anauá. Nesta quarta-feira, 1º, a atração na barraca da SEI (Secretaria estadual do Indígena) será o caxiri, bebida típica feita de mandioca fermentada.
O índio Colin Pereira, da comunidade Santa Rita, Terra Indígena Raposa Serra do Sol, no município de Normandia, conta que o caxiri é uma das bebidas mais típicas e que é consumida regularmente pela comunidade. “Bebemos o caxiri em todos os momentos, independente da ocasião, em festa ou não”, disse.
Colin explicou que o caxiri é produzido com a massa da macaxeira ralada e cozida por pelo menos 12 horas, para chegar ao ponto ideal de fermentação. “Depois do mingau pronto e bem grosso, é peneirado, coado e diluído na água até chegar ao ponto. O caxiri pode ter variações, sendo feito com batata roxa, deixando a bebida com a cor avermelhada”, detalhou o índio.
Questionado sobre o processo de fabricação da bebida usando saliva, Colin disse que esta era uma forma artesanal, usada quando os índios não tinham ferramentas para triturar a macaxeira e usavam a boca para mascar o produto. “E dessa forma, a bebida era fermentada de forma mais rápida”, detalhou.
PAJUARU – A neta de índio e servidora da SEI, Elaine Pinho, da comunidade do Contão, do município de Pacaraima, destaca que além do caxiri, as comunidades indígenas de Roraima têm outras bebidas típicas, como o pajuaru, feito do beiju queimado, molhado e descansado na folha da mandioca ou banana.
“Depois do beiju queimado, é posto para descansar, molhado e montado sendo intercalado com camadas de beiju e camadas de folhas secas e trituradas da mandioca. A massa é montada tipo uma lasanha e deixa descansar por pelo menos cinco dias. Depois desse processo, a massa é levantada, diluída em água e peneirada. O pajuaru tem forte teor alcóolico e depois de dois dias de produzido esse teor é maior ainda, sendo ingerido pelos indígenas em festas, comemorações especiais ou em momentos de trabalho comunitário”, detalhou Elaine.
MOCORORÓ – Bebida produzida do sumo do caju, armazenado em grandes baldes, onde é fermentado por no mínimo três dias. O diretor do Centro de Comercialização de Artesanato Indígena Vovó Damiana da SEI, Martiniano Vieira, essa bebida tem forte teor alcóolico e é produzida em Roraima na área baixa da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, onde predomina o lavrado e extensa área de cajueiros.
ALUÁ – Vieira falou ainda do aluá, bebida indígena produzida do milho seco moído e cozido. “O resultado é um mingau grosso, que diluído em água e armazenado por alguns dias, resulta em uma bebida de alto teor alcóolico. Pode ter variação de cor e sabor, acrescentando abóbora, batata roxa ou outros produtos”, explicou Martiniano.
Cultura
Bebidas indígenas serão atração nesta quarta-feira
O caxiri, uma das bebidas típicas, é produzido com a massa da macaxeira ralada e cozida