Nesta segunda-feira (19), o Cinema Brasileiro celebra 125 anos do registro das primeiras imagens em movimento no país. De acordo com especialistas, o cinegrafista e diretor ítalo-brasileiro, Afonso Segreto, foi o responsável pela imagem inaugural do cinema quando, em 1898, de dentro do navio francês Brésil, filmou as fortalezas e os navios de guerra na Baía de Guanabara – RJ.
Quase dois anos antes, o Brasil registrava a primeira exibição de um filme. Tempo depois as primeiras salas de cinema. No entanto, o que marca a produção cinematográfica brasileira são suas obras, que vivem em constante crescimento e apreciação da população. Aqui você encontra cinco delas e de grande renome no país.
Cinema Roraimense
Em Roraima, o cinema veio acompanhado do audiovisual documental, por volta de 2007. Nesse caso temos Thiago Briglia, com ‘Nas trilhas de Makunaima’, para contar a história de um mito indígena e sua relação com uma montanha sagrada. Há também o registro do primeiro curta-metragem: ‘Dívida Sangrenta‘, com produção de Alex Pizano. A obra, sem fins lucrativos e forma de aprendizagem na produção de cinema, tratava das máfias guianense e venezuelana em confronto para dominar o contrabando de gasolina e drogas na fronteira brasileira.
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Com o passar dos anos, os curtas-metragens ganharam espaço e foram até premiados. Destaca-se o ‘Fronteira em Combustão’ (2016), direção do Thiago Briglia e produção de Platô Filmes, que recebeu o Prêmio Chico Mendes de Melhor Roteiro, no Festival Cine Amazônia (2017) e foi selecionado para a Mostra Competitiva do Festival Internacional de Curta-metragens de São Paulo, no mesmo ano.
Porém, esse período também contou com filmes, os longas-metragens. Destaca-se o ‘Agora bem aí’, uma comédia lançada em 2012 e filmada em Boa Vista e demais munícipios. A produção conta a história de Pará e Maranhão, dois amigos e oleiros, que encontram uma pepita de ouro de 6kg, festejam muito e caem numa cilada. O filme tem mais quatro continuações.
Atualidade da produção
O cinema, que vive em expansão, também atrai apaixonados pelas produções. A cineasta Elisa Coimbra atua na área há cerca de três anos e tem total experiência com o audiovisual roraimense. Mesmo trabalhando e fazendo o que gosta, sempre é uma “experiência surreal”.
“Ás vezes eu nem acredito que faço cinema. Parece algo tão longe. Eu achei, em boa parte da minha vida, que fazer cinema tivesse bem distante da minha realidade. E toda vez que eu consigo fazer cinema hoje, eu trago um pouco de que é possível fazer. Não dá para viver só disso, mas dá para fazer um pouquinho”, conta.
Elisa e outros produtores e cineastas roraimenses destacam que aqui se faz cinema de guerrilha. São produções audiovisuais independentes, de baixo ou nenhum orçamento, sem autorização e apoio de Órgãos públicos ou instituições. Dentro disso, cita alguns problemas, como a falta de acesso à equipamentos de qualidade e capacitação na área.
“Essas são as maiores dificuldades. A gente depende de pessoas que venham para cá ou da gente estar se deslocando [para estudar]. Também de equipamento, eu que trabalho com roteiro, por exemplo, tenho que trabalhar pensando no que a gente consegue fazer. Não dá para pensar ou querer colocar uma explosão. Mas, querendo ou não, essa é uma uma realidade que poda a nossa criatividade um pouco”.
Apesar disso, Elisa reflete que a atualidade do cinema roraimense é boa e tende a melhorar. Principalmente, depois do retorno dos incentivos culturais do governo federal (Leis Audir Blanc e Paulo Gustavo).
Um doc especial
A cineasta, Elisa Coimbra, e outros produtores como, Éder Rodrigues, Marcus Vinícius Torres e Thiago Briglia contam mais sobre essa realidade cultural do extremo norte do Brasil no documentário, produzido pela FolhaBV, ‘Cinema em Roraima: um olhar de produção’. O doc, de quase 30 minutos, aborda os primeiros registros cinematográficos em terras roraimenses e navega no mar da atualidade, permeando questões de identidade cinematográfica e identidade sociocultural. O documentário também fala sobre as dificuldades e pontos-fortes encarados por quem faz cinema em Roraima.