ARTE E MÚSICA

Conheça a história de Jamil Vilela, artista plástico que mistura arte e música em suas obras

O artista recomeçou a vida em Roraima após falir no Amazonas e, descobriu aqui, a sua arte. Atualmente, Vilela expõe suas peças em vários locais de Boa Vista.

O artista trabalha sua arte de forma livre e espontânea e gosta de misturar a arte plástica junto à música. (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)
O artista trabalha sua arte de forma livre e espontânea e gosta de misturar a arte plástica junto à música. (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

Jamil Vilela, músico, compositor e artista plástico, vive uma história intensa entre a arte, a música e os acasos da vida. Quando decidiu migrar do Amazonas para Roraima, Vilela não fazia ideia do que fazer, mas sabia que tinha algo a ser construído no estado. A arte foi o caminho que encontrou para construir sua jornada em Boa Vista, após a falência de suas lojas de papelaria. 

De acordo com o artista, o início da carreira com a arte foi muito por acaso. Enquanto ainda trabalhava na sua papelaria, Vilela confeccionou 4 nichos para preencher uma parede vazia da sua loja. No entanto, os objetos sempre chamavam a atenção de quem ia no local.

“As pessoas sempre perguntavam onde eu havia comprado e quando eu dizia que havia sido eu quem tinha feito, perguntavam se eu fazia por encomenda. Então, eu acabei comentando isso em um almoço e um amigo perguntou porque eu não investia nisso. Eu procurei saber sobre as lojas que forneciam os materiais e acabei trocando os materiais da papelaria pelas máquinas de corte”, relembrou Vilela.

Ele conta que com o passar do tempo, aprendeu a manusear as máquinas e produziu, primeiramente, 10 peças. A partir disso, as pessoas que já conheciam seu trabalho o incentivaram a realizar uma exposição. Nesse período, ele estabeleceu conexões que permitiram a organização de suas peças em um espaço. Em 2014, sua primeira exposição ocorreu no Barracão do Poeta.

“Acabei unindo a arte da música, a fotografia, o meu olhar como andarilho amante das artes e construí minha identidade. Conheci outros artistas, foi complicado no início me enturmar já que eu estava começando, além de que as pessoas aqui falam muito da questão regional e indígena, e eu não me enquadro em nada disso porque meu tema é muito amplo”, comentou.

Após a primeira exposição, Vilela trabalhou e criou contatos no meio artístico de Boa Vista. Com o passar dos anos, expandiu suas exposições às galerias do estado. 

ARTE, ESTILO E RECICLAGEM  

Jamil Vilela gosta de trabalhar com objetos reciclados e misturar estilos. (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

As peças criadas por Vilela têm como base a madeira e o ferro. Quase sempre, os materiais que são utilizados na confecção das peças provém de objetos reciclados, principalmente de televisores. Além disso, o artista busca usar o que a natureza oferece, como por exemplo, o uso de raízes. 

“Os produtos têm um tempo de vida útil muito curto, o que é triste já que quanto mais se produz, mas se tira da terra. Eu gosto de trabalhar com produtos reciclados, utilizar as ferragens e plásticos. Também faço o uso das raízes de florestas de cachoeiras, por exemplo. Quando as cachoeiras secam, muitas madeiras w raízes ficam engatadas nas pedras e aí eu gosto de recolher esse material e produzir”, explica.

Vilela conta que sua arte tem que ser de maneira espontânea e de forma livre. A música é sua principal fonte de inspiração. Ainda que o mais comum no estado seja o forte apelo à cultura local e indigenista, ele lembra que há público para todos os tipos de arte. 

“Eu gosto de misturar estilos, unir minha arte com as de outros artistas. É a forma que eu também encontro de unir o regional e o meu trabalho, é uma vertente que eu busco. Como Boa Vista é uma mistura de pessoas, que vêm de todos os lugares do Brasil, não tem como ser uma coisa só, têm muita cultura e espaço para todas as artes”, afirmou.

MÚSICA X ARTE

A música é uma grande paixão na vida de Vilela. (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

A música é um elemento forte na vida de Vilela. Ele conta que antes de se descobrir artista, já era músico. No entanto, viver da música ainda é uma realidade um pouco distante. 

Ele conta que, ainda que tenha todo o seu projeto musical fechado e parcerias feitas com poetas regionais, não há previsão para disponibilização de suas músicas em plataformas de streaming, como o Spotify.

“Eu possuo minhas músicas disponibilizadas só no Youtube e no Instagram, onde eu coloco junto aos vídeos divulgando minha arte. Como minha dedicação ainda é as minhas peças, pretendo alcançar estabilidade e autossuficiência com a arte plástica, para depois investir fortemente na música e conseguir trabalhar os dois de forma entrelaçada”, argumentou.

Apesar disso, o artista explica que sempre está incluindo a música junto a sua arte, uma vez que têm como público alvo os músicos e amantes de música. No passado, chegou a organizar exposições regadas à participação de artistas musicais que estavam começando ou em crescimento e, agora, trabalha para trazer isso à tona outra vez.

EXPOSIÇÕES E VISITAÇÕES

Os interessados podem visitar o artista e trocar ideias acerca da arte, música e da vida. (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

Após o período da pandemia, Vilela voltou a expor suas obras em novos espaços. Atualmente, têm feito exposições na Plataforma 8, aos sábados e aos domingos, as peças têm sido expostas no Café Delícia. 

Entretanto, o artista convida a quem tem interesse em observar, conversar e trocar experiências em seu ateliê. Os visitantes podem conhecer algumas obras, entender o seu processo criativo e debater ideias a respeito da arte e diversos assuntos.

O local está localizado na Rua Lucas de Matos, 579, no Jardim Caranã.