A jovem Sarah Sthephany tem 24 anos, é roraimense e estuda Relações Internacionais. Simples e muito irreverente, Sarah é uma das iniciantes do estilo Lolita em Roraima, pois em 2008 ajudou a criar o grupo “Moda Japonesa RR” para a organização de Meetings Lolitas (encontros) e Concursos de Cosplay. Atualmente, o grupo conta com 60 integrantes fixos. E nesta entrevista especial, Sarah conta detalhes sobre o gênero que vem encantando jovens e adultos no Estado e revela as novidades e o calendário da turma em 2015. Confira!
Como e quando surgiu o universo das Lolitas em Roraima?
Surgiu de pequenos encontros na casa de cada uma das amigas, a partir das afinidades pelo estilo Lolita, de cultura japonesa, proveniente dos animes, mangás, revistas, vídeos no YouTube e Blogs de Lolitas também de outros estados e dos mais diferentes países.
E como iniciaram os primeiros Encontros?
Chamamos estes Encontros de “Meeting Lolitas”, e o primeiro deles foi realizado em 2008, quando usamos o espaço de um evento. Cinco meninas se caracterizaram como Lolitas, com maquiagens, vestidos, perucas e acessórios. Isso chamou bastante a atenção das pessoas, positivamente, e o sucesso continua.
Existe uma associação de Lolitas ou um clube?
Ainda, não (risos)! Na verdade, nós temos um grupo chamado “Moda Japonesa RR”, que foi criado logo após o primeiro evento. O grupo envolve o “Estilo Lolita” e também abraça os gêneros Gyaru, Pop Kei, Gothic Kei, Aomoji, Oujisama, entre outros vindos do Japão. E, atualmente, o Moda Japonesa RR possui 60 membros registrados, entre rapazes e garotas, com média de idade entre 14 e 40 anos. Somos uma turma bastante ativa e que vem atuando também em workshops na Capital, expandindo conhecimentos sobre a cultura japonesa e relatando nossas experiências sobre este universo cultural.
E como funciona o Meeting Lolitas?
Existe o tradicional chá da tarde, no estilo vitoriano, com mesas de guloseimas, bolos caseiros e espaço para cada Lolita mostrar seus dotes culinários, também são realizadas palestras referindo-se ao conceito e às tendências da arte e moda Lolita, além dos passeios por pontos turísticos da cidade, com muitas fotografias para registrar cada instante, há os sorteios, o “Concurso Valentines”, que premia o outfit (equipamento) mais bonito do meeting (reunião) e a distração também do karaokê, com danças diferentes. E estes Encontros ainda não contam com patrocínios, realizamos com os esforços de todos do grupo porque amamos o estilo e ainda alugamos os espaços. Somos receptivas e adoramos quando as pessoas prestigiam esta cultura pop japonesa.
Você se veste com roupa de lolita normalmente na rua?
Infelizmente, não! No calor de Boa vista, usar um vestido pesado com anáguas, por mais lindo que seja, é um grande sacrifício. Mas nos Meetings a gente fica vestida o dia todo. Acho agradável sair e atiçar a curiosidade das pessoas, principalmente das crianças. É uma paixão enorme ser tratada como “princesa” e receber os sorrisos dos pequeninos. Quando me torno Lolita, sou alvo de fotos, elogios e perguntas. É bem agradável!
A ideia é parecer uma boneca?
Sim, sim. O objetivo é mostrar um toque angelical e inocente. E nós nos inspiramos nos estilos europeus, principalmente no estilo rococó! Usamos anáguas, vestidos, saias com rendas, babados e tules que possam imitar as bonecas de porcelana. Claro que tudo tem um toque oriental e modernista, e por isso temos vários conceitos dentro de ser Lolita. Mas, muita gente confunde o termo “Lolita”, que ganhou fama através do livro do Vladimir Nabokov, que tem um ar mais sensual, com o Estilo Lolita do Japão, que é o que usamos e que tem uma finalidade totalmente oposta. Vale lembrar!
Vocês possuem um calendário de atividades anual?
Damos preferência às datas comemorativas, como Páscoa, Natal, Halloween e Ano novo. Realizamos dois ou três encontros por ano, com convites e chamadas para participações.
Como é virar Lolita?
Ah, é mágico! (risos) É indescritível! É fascinante poder compartilhar esse gosto cultural com outras pessoas. E através da Moda! É gratificante poder se vestir e sentir-se confortável e ainda temos total apoio da família (risos).
Como vocês customizam as roupas? Vocês se inspiram em alguma década especifica? Os penteados são importantes? E os trajes?
As roupas são customizadas e baseadas no século 18 e 19. Também nos baseamos em cores mais escuras e que se adaptam aos vestidos para um lado mais moderno, sem perder o toque angelical, que se complementam com as maquiagens e os penteados. Os acessórios são importantíssimos, pois complementam os trajes. Os penteados são inspirados no estilo vitoriano e rococó, usamos imagens de referências e lidamos com certa facilidade. E as revistas japonesas, como a “Lolita Bible”, especializada nessa moda, é um espelho do que pretendemos, na compra de tecidos, até levar para uma costureira customizar, por exemplo. Mas algumas garotas do grupo, já confeccionam seus próprios vestidos. Elas mesmas costuram, o que é o máximo. O investimento por esse hobby também é alto.
Quando foi sua primeira vez que você se vestiu de Lolita?
Foi em 2012. E o interessante é que não foi em um evento, mas para a Ceia de Natal em família. Foi também quando passei a mostrar para eles que eu curtia essa moda e eles apoiaram (risos).,