“Roraima – Onde os Índios Sabem das Coisas” esse foi o título da matéria de capa da Revista Manchete de fevereiro de 1968, que contava como era a vida de quem vivia no extremo norte. A reportagem abordava o Estado – que, na época, era Território Federal – como um grande desconhecido do povo brasileiro que atraia apenas estudantes de antropologia e aventureiros de todas as partes do mundo interessados em ouro e diamante.
A Matéria foi escrita pelo jornalista Creston Portilho, com fotografias de Juvenil de Souza, e durante a viagem eles tiveram a companhia de Byron Prestes Costa, que era advogado na época. Byron morava em Boa Vista e, devido a um favor, conseguiu realizar a viagem, que na época era considerada extremamente perigosa.
Segundo ele, o Monte Roraima era objeto de muita curiosidade para todos no País, o que fez com que a lenda de Macunaíma fosse abordada durante o relato. A reportagem conta a viagem de Byron, que comprovava que Cândido Rondon não conseguiu chegar até o marco da fronteira que divide os três países.
A reportagem também explica, pela primeira vez, que Roraima era o ponto norte ao máximo do Brasil, ponto geográfico que realmente era o oposto do Chuí (extremo sul do País), afirmando que um equívoco generalizado fazia do Oiapoque o limite norte do País.
Na década de 60, Boa Vista só era alcançada por meio de duas horas de avião, saindo de Manaus. Os hábitos dos roraimenses também foram descritos como típicos do norte. “Nos fins de semana, os mais abastados frequentavam o Iate Clube, construído às margens do Rio Branco. Outros viajam para as duas casas de campo, localizadas em sítios próximos à Capital” contava a reportagem.
As fotografias mostravam a vida e costumes dos indígenas que contabilizam 13 mil, o garimpo também foi abordado, assim como a facilidade em encontrar pedras preciosas. “Foi a primeira vez que uma reportagem abordou Roraima como o início e não o fim do Brasil” explica Byron.
Byron, aposentado, tem 74 anos, mora em Brasília e está em Boa Vista para visitar alguns amigos e familiares que ficaram por aqui. “É bonito observar como essa cidade mudou em quarenta anos, voltar aqui depois de todo esse tempo me dá uma sensação de nostalgia” conta.
Para ele, Roraima é curiosidade, como sempre, e continuará sendo. “Tanto é que agora o tema é abordado na novela das oito”, disse. Com saudosismo, o aposentado relembra os dias de escalada. “O único brasileiro a chegar lá antes de mim foi o Rondon. Gosto muito de natureza, gostaria de voltar, mas, devido à idade, seria muito cansativo para mim” comentou.
Cultura
Expedição que foi ao Monte Roraima completa 47 anos
A expedição foi destaque na Revista Manchete em janeiro de 1968