Jaider Esbell ganhará título Doutor Honoris Causa da UFRR

O artista, escritor e produtor cultural indígena Makuxi era uma figura das artes mais renomadas de Roraima; cerimônia acontece nesta terça (20), no CAF

Jaider Esbell, artista plástico, escritor e ativista, era natural de Normandia. (Foto: Divulgação)
Jaider Esbell, artista plástico, escritor e ativista, era natural de Normandia. (Foto: Divulgação)

O artista indígena Makuxi Jaider Esbell ganhará o título Doutor Honoris Causa (post mortem) da Universidade Federal de Roraima (UFRR). A cerimônia acontecerá nesta terça-feira (20), às 19h30, no Centro Amazônico de Fronteiras (CAF), no campus Paricarana.

A proposta para a homenagem partiu da professora Ivete Silva, do Curso de Artes Visuais, e foi acolhida pelo Conselho do curso. O processo seguiu para uma Comissão Especial até o Conselho Universitário (CUni). Em reunião no dia 26 de julho, a concessão do título foi aprovada e publicada no dia 2 deste mês.

O título “Doutor Honoris Causa” é concedido a personalidades que tenham contribuído de maneira notável para o progresso da Universidade, da região ou do país, destacando-se em ciências, letras, artes ou cultura. Para a professora Ivete Silva, Esbell expandiu a arte produzida na Amazônia para o mundo.

“A busca dele era sempre manter um diálogo aberto e, dessa forma, levou sua arte para o cenário nacional e internacional. Era uma arte universal. Ele queria os filhos de Macunaima falando dos seus sonhos, saberes, lutas e buscou ser um representante do Povo Makuxi e de outros povos indígenas”, observa.

Ancestral, contemporâneo e ecológico: Quem foi Jaider Esbell?

O artista plástico indígena Jaider Esbell na fotografia “curuminzando” (Foto: Marcio Lavor/reprodução/Galeria Jaider Esbell)

Jaider Esbell se tornou uma referência na arte indígena contemporânea do Brasil. Nascido em 1979, na comunidade Raposa Serra do Sol, Esbell usou sua arte para denunciar a exploração das terras indígenas e a destruição da Amazônia, além de promover a cultura do povo Makuxi.

Seu trabalho ganhou projeção a partir dos anos 2000, misturando elementos da tradição indígena com críticas sociais e ambientais. Além de artista visual, Jaider era escritor e ativista, sempre à frente das lutas pelos direitos indígenas e pela preservação do meio ambiente. Em 2013, lançou o livro “Terreiro de Makunaima – Mitos, lendas e estórias em vivências”, onde reuniu narrativas indígenas e reflexões sobre a realidade dos povos originários.

“Conceder o título de Doutor Honoris Causa ao Jaider Esbell não só celebra a sua arte e a sua história, mas também reforça o compromisso da nossa Universidade com a valorização das culturas indígenas e a promoção da justiça social”, disse o reitor da UFRR, professor José Geraldo Ticianeli.

O artista foi vencedor do prêmio Pipa Online 2016 e, em 2020, participou da Mostra Coletiva de Arte Indígena Contemporânea “Véxoa: nós sabemos” na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Em outubro de 2021, teve as obras “Carta ao Velho Mundo (2018-2019) e “Na Terra Sem Males” (2021) adquiridas pelo Centre Georges Pompidou, em Paris, que possui grande acervo de arte moderna na Europa.

Jaider Esbell morreu no mês seguinte daquele ano enquanto expositor da 34ª Bienal de São Paulo com o projeto de artes plásticas “Moquêm_Surarî” no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP).

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