Cultura

Jovens do Brasil se interessam cada vez mais por intercâmbio

Aprender um novo idioma ou começar uma graduação são as principais metas

Quando ainda estava na faculdade, a jornalista Ana Luisa Matos, de 23 anos, já tinha o sonho de estudar no exterior. Inicialmente, a sua vontade era ir durante a graduação e, para isso, já se dedicava a aprender um novo idioma. Com o tempo, seus planos foram mudando, mas a oportunidade chegou agora em 2018. Hoje, Ana Luisa está há um mês e meio em Dublin – capital da Irlanda – e está se dedicando totalmente ao inglês, procurando se qualificar ainda mais para exercer sua profissão quando voltar ao Brasil.

O local é um dos mais procurados pelos brasileiros, principalmente por ser um país que permite que os estudantes possam trabalhar e estudar. E esse, foi um dos motivos que levou Ana Luisa a escolher a capital da Irlanda como nova morada. “Todo mundo sabe que fazer um intercâmbio não é barato e aqui o custo é muito alto, principalmente com moradia. Então, procurei um país onde eu pudesse trabalhar. Isso pesou muito na minha decisão”, contou.

Um levantamento realizado pela Belta Brazilian Educational mostrou que em 2017, o setor de intercâmbio cresceu em torno de 23%. Além, da procura por cursos de idiomas, graduação em uma universidade internacional também é um projeto muito presente entre os jovens brasileiros. Segundo uma pesquisa da BMI, nos últimos três anos, aumentou cerca de 25% o número de brasileiros interessados em cursar uma faculdade fora do país.

Mesmo com o crescimento da procura por uma graduação, os vencedores ainda são os cursos de idioma. Entre os estudantes que já realizaram um intercâmbio, 39,2% estudaram uma segunda língua no exterior, principalmente inglês e espanhol. Um fator que dificulta a entrada em uma universidade lá fora é a forma de ingresso totalmente diferente do vestibular brasileiro. Em vez de realizar apenas uma prova, os candidatos devem enviar às universidades uma espécie de dossiê pessoal, com histórico escolar, lista de tarefas extracurriculares, teste de proficiência em inglês, cartas de recomendação e redações.

No caso de Ana Luisa, ela não conseguiria fazer uma graduação no exterior, porque ainda não tinha fluência no inglês. “Eu fazia curso de inglês no Brasil, mas chegou em um nível que eu não estava conseguindo avançar. Eu ia para as aulas, estudava, mas quando chegava no curso eu não me desenvolvia. Principalmente no listening (escuta)”. Por entender que um segundo idioma é muito importante para sua profissão, Ana Luisa amadureceu a ideia e hoje tira muito proveito da experiência fora do país. “Aqui estou imersa em um outro idioma e em uma nova experiência cultural. Consigo aprender até em uma simples ida ao supermercado”, pontuou.

A jornalista pretende ficar durante sete meses em Dublin, mas seu intercâmbio pode durar até oito meses seis meses de estudo e dois meses de férias. “Quando você termina o intercâmbio é permitido renovar mais uma vez. Quando a pessoa conclui o inglês, pode fazer uma faculdade ou uma pós-graduação. Só podem ficar aqui quem estiver estudando”, assegurou.

Fonte: www.em.com.br

Quem seremos a partir de hoje?

Por Roberta D’Albuquerque

Morei um ano fora do país no fim de minha adolescência, um ano transformador e intenso. Mas, de toda a experiência de estar (bem) longe de casa,  o que mais me marcou talvez tenha sido uma conversa rápida que tive com meu pai, ainda no aeroporto, antes de embarcar. Ali, na confusão do grande grupo de intercambistas que se despediam de suas famílias alegremente (mesmo que com algumas lágrimas ansiosas), João, meu pai, me chamou de cantinho e disse que mudar de cidade, de país era uma chance linda de se reinventar. “Quando entrar nesse avião, deixe para trás tudo o que não gosta em você. Invente outra Roberta, ninguém conhece a original. Seja a pessoa que sempre quis ser.”

Por um lado, fiquei meio horrorizada. Nunca pensei que ele cogitasse que algo em mim não fazia sentido ou era digno de ser jogado fora (autoestima em dia). Por outro, fiquei surpresa com essa possibilidade. Dá mesmo pra criar essa pessoa nova? Essa pessoa segura, falante e livre que eu queria ser? Olha, não sei se dá. Sei que, sim, foi possível caminhar em direção a esse desejo enquanto negociava (desde sempre e para sempre) com a versão original, aquela mais pra caladinha, mais pra quieta.

A fala de meu pai me dá até hoje o conforto de saber que nada está determinado, imóvel. Que dá tempo de mudar tudo, ainda que aos trancos e barrancos, ainda que aos 45 do segundo tempo. Agora, mais de 20 anos depois, não há uma viagem, um início de ano, de semestre, mudança de trabalho, de casa ou de qualquer outra coisa que não seja para mim um gatilho para o exame de satisfação pessoal. Estou mesmo sendo a pessoa que quero ser?

Acordei minhas meninas hoje com essa pergunta: “Vocês estão vivendo o ano de 2018 como imaginaram no dia 1º de janeiro? Estão estudando o tanto que planejaram, aproveitando a delícia de ser criança, de ser saudável, de ter amigos, energia e curiosidade pelo mundo exatamente como gostariam? Pois, se não estão, subam no avião de novembro com o desejo sincero da reinvenção. Dá tempo, temos dois meses até o fim do ano (e a vida inteira) pela frente.

E você que me lê agora? Para que lado aponta o seu desejo? Quem você quer ser hoje? Bom dois últimos meses queridos, e boa viagem sempre!