Mau humor é algo que todo mundo tem, porém estar constantemente de mau humor pode ser um indicativo de transtorno psicológico, no caso, a distimia, um distúrbio do humor crônico em que o paciente se apresenta mal-humorado, pessimista na maior parte do dia.
No Brasil, há cerca de 10 milhões de pessoas com distimia, 5% da população mundial. De cada 100 pacientes atendidos nos postos de saúde, cinco têm distimia.
De acordo com o psiquiatra Alberto Iglesias, os pacientes que possuem algum transtorno mental, aproximadamente 36%, apresentam sintomas depressivos leves e de longa duração.
“Essas pessoas podem ter distimia. Esses números, que parecem tão altos, ocorrem porque é muito comum uma pessoa que tem um transtorno mental, como pânico, uma fobia ou obsessões, desenvolver sintomas depressivos. É o que os psiquiatras chamam de “comorbidade”, quando dois ou mais quadros psiquiátricos se associam num mesmo indivíduo”, explica.
A distimia é um tipo de depressão que faz parte do grupo dos transtornos mentais que interferem no humor das pessoas e por isso os psiquiatras chamam esses quadros de “transtornos do humor”.
“Ela é diferente dos outros tipos de depressão porque seus sintomas são mais leves, mas têm uma longa duração. Isso torna difícil que o paciente se perceba deprimido, fazendo com que ele conviva com essa depressão, tentando se sobrepor, lutar contra ela. É por isso que é tão prejudicial, pois essa situação acaba por trazer inúmeras consequências para seus portadores”, relata.
As pessoas com distimia apresentam altas taxas de faltas no trabalho. Essas taxas são quase tão altas quanto das cardiopatias crônicas, e estão entre as primeiras causas de faltas no trabalho no mundo.
“Estes pacientes quase não conseguem sentir prazer nas coisas que normalmente as interessava. São pessimistas. Muitas vezes têm dificuldades com o sono ou com o apetite. É como se um vazio se esparramasse em toda à sua volta, e às vezes houvesse dentro deles uma espécie de buraco que não conseguem preencher com nada. Às vezes, por isso, desenvolvem uma obesidade da qual não conseguem se livrar”, explica o especialista.
Segundo ele, apesar dos sintomas menos acentuados, a distimia é um transtorno que acarreta um prejuízo pessoal muito importante. “Não só do ponto de vista das relações pessoais, mas no plano econômico também. Em geral, essas pessoas têm poucas relações, poucas amizades e concentram suas atividades quase que exclusivamente no trabalho, seja ele um emprego formal ou não”, relata.
O médico explica que o paciente faz as coisas com dificuldade, como se estivesse pesado, lento, sem prazer, fazendo o mínimo, só o essencial a cada dia.
“Isso tudo faz com que o indivíduo não procure ajuda. Ele não vai ao médico, e quando o faz, raramente procura um psiquiatra. Na maioria das vezes, vai a um clínico com queixas, como falta de apetite, insônia ou cansaço”, finaliza.
Os principais sintomas da distimia são:
• Apetite diminuído ou aumentado
• Insônia ou hipersonia
• Baixa energia ou fadiga
• Baixa autoestima
• Dificuldade em tomar decisões
• Baixa capacidade de se concentrar
• Sentimento de desesperança
O tratamento é farmacológico e psiquiátrico. A maioria dos pacientes respondem bem ao tratamento com medicamentos.