O cartunista paulistano Paulo Caruso, de 73 anos, morreu na manhã deste sábado, 4, de acordo com informações do Hospital Nove de Julho, onde ele estava internado. Caruso tratava havia algumas semanas complicações de um câncer de cólon, com o qual sofria desde 2016. Suas caricaturas marcadas pela sátira foram referência para a história política do País.
“A família agradece o apoio de todos e comunica que o velório será realizado amanhã, 5 de março, a partir das 11h, na Funeral House, Rua São Carlos do Pinhal, número 376”, informa nota divulgada por seus parentes à imprensa.
Paulo José de Hespanha Caruso nasceu em São Paulo em 6 de dezembro de 1949. Gêmeo do também cartunista Chico Caruso, Paulo foi “um hippie” na juventude, como ele mesmo brincava. Cursou arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), mas nunca exerceu a profissão. A cena dos artistas, que se juntavam às noites no bar Riviera, na Consolação, o atraiu. Bem como a imprensa, começou no extinto Diário Popular a publicação de charges.
Caruso foi uma figura conhecida da cena underground paulistana, ao lado de outros desenhistas importantes como Jaguar, Angeli e Glauco.
Nas redes sociais, personalidades da televisão, jornalistas e artistas lamentaram a perda do ilustrador, que marcou gerações da imprensa com suas caricaturas de personagens do noticiário político e cultural.
A ironia e acidez eram acompanhadas do humor. Publicou também em veículos lendários da imprensa alternativa, como O Pasquim, Movimento, entre outros. Foi também responsável, por anos, por uma página da revista Isto É.
Caruso, desde a estreia do programa, nos anos 1980, integrou a bancada do Roda Viva, da TV Cultura. Suas charges acompanhavam as reações dos entrevistados do programa, um dos mais longevos da televisão brasileira.
Ele fez circular caricaturas de personalidades brasileiras das décadas de 1980 e 1990, sintetizando com sátira e humor vários momentos da história política do País.
Caruso recebeu vários prêmios, como o de melhor desenhista, pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), em 1994. Por sua habilidade para a sátira e para a caricatura, aliada à numerosa produção, sua obra é das mais conhecidas do Brasil.
“Com suas caricaturas e charges, Caruso faz parte da história política e social do Brasil”, destacou em nota a Fundação Padre Anchieta, gestora da TV Cultura, onde o Roda Viva é veiculado.
Paulo Caruso também teve um programa de rádio e foi na Eldorado, emissora do Grupo Estado. Entre os anos de 2012 e 2016, ele apresentou o “A Cara do Jazz”, que condensava toda sua paixão e conhecimento pelo jazz. A seleção do programa cobria produções das mais diferentes épocas.
Para homenageá-lo, a Rádio Eldorado (107,3 FM – SP) reapresenta neste sábado, às 17h, uma das edições do programa. Mais especificamente a do dia 13 de julho de 2013, quando a atração completava um ano no ar. Na ocasião, Caruso fez um especial sobre o disco “Joe Cool’s Blues”, de Wynton Marsalis e Ellis Marsalis, que reúne regravações da trilha sonora do seriado “A Turma do Charlie Brown”. Em um único programa tinha muito do que Caruso amava na vida e no trabalho: o desenho e o jazz.
O cartunista deixa cinco filhos, um neto e o irmão gêmeo.