Para apoiar na geração de renda, a Hutukara Associação Yanomami, com o apoio do Instituto Socioambiental (ISA), promove um projeto de confecção coletiva de tipoias tradicionais Yanomami para carregar crianças.
A tipoia é um suporte preso ao pescoço, confeccionada de pano duplamente reforçado para maior estabilidade do bebê. A proposta é transformar o tempo ocioso em momentos de confraternização, considerando que muitas mulheres quando vêm para a cidade em tratamento ou acompanhando doentes passam semanas e até meses na Casai.
Segundo Lídia Montanha Castro, o projeto, desenvolvido pela Hutukara e ISA, visa apoiar a geração de renda para as mulheres Yanomami e, ao mesmo, tempo valorizar e divulgar o conhecimento tradicional indígena.
“A mulher Yanomami mantém os bebês sempre próximos, com a tipoia, durante as caminhadas na floresta ou nas atividades de dentro de casa. As mulheres estão sempre carregando e protegendo seus filhos”, relata.
As tipoias são peças exclusivas. Ao adquirir um desses carregadores tradicionais de bebê, a pessoa fica sabendo o nome da mulher que confeccionou a tipoia, a região onde habita da Terra Indígena Yanomami e a língua falada pela artesã.
Rede para deitar e para vender
A geração de renda pelas próprias mulheres é uma demanda crescente. A partir de uma experiência piloto, as mulheres experientes na tecelagem começaram a ensinar suas filhas e sobrinhas a confeccionarem redes em sua comunidade, expandindo o acesso à renda para outras mulheres.
Os relatos sobre os projetos de geração de renda no encontro inspiraram as mulheres da região do Catrimani a formarem um grupo para produção de tipoias para vendê-las.
O projeto
Pintadas e enfeitadas com urucum, jenipapo, penas, conchas e miçangas, mais de cem mulheres de diversas aldeias da Terra Indígena Yanomami se reuniram em um projeto intitulado ‘O Movimento’.
A Hutukara Associação Yanomami (HAY) e o Instituto Socioambiental (ISA) apoiaram o 8º Encontro das Mulheres Yanomami, facilitando a participação de mulheres de outras regiões da Terra Indígena Yanomami e ampliando a rede entre elas.
Este ano, ocorreu a 9ª edição do Encontro, na aldeia Hawarihi Xapopë (traduzido para o português como “local das castanheiras que não põem frutos”), região do Catrimami, e contou com o apoio do Instituto Socioambiental (ISA), Diocese de Roraima e Hutukara Associação Yanomami, além da participação do Instituto Catitu, organização que apoia a mobilização das mulheres indígenas do Xingu e há anos promove a formação audiovisual e multimídia de mulheres indígenas.
Foram cinco dias de trocas e reflexões sobre os cuidados com a terra, envolvendo segurança alimentar, conhecimentos tradicionais da floresta, geração de renda, assistência à saúde e contra a violência.
“Fico aqui, longe da comunidade, doente, sem família, fico pensando e sentindo saudade, quero voltar logo. Gostei muito de fazer a tipóia, assim eu parei de sentir saudade e a tristeza acabou um pouco”, compartilhou Lia, da comunidade Koyopi, na roda de conversa.