“Ephemera”, uma composição do músico roraimense Zé Roraima, radicado em Teresina, Piauí, elaborada em parceria com o jornalista e professor Paulo José Cunha, que exalta o otimismo, a esperança e a resiliência, foi escolhida como tema da nova campanha institucional da Universidade de Brasília, “A UnB quem faz é a gente”.
A instituição, classificada entre as melhores da América Latina, promove a campanha como parte das ações de enfrentamento aos reflexos da pandemia nas atividades acadêmicas.
Para o secretário de Comunicação da UnB, Paulo Schnor, “O talento e a inspiração dos compositores captaram o conteúdo ideal para o momento desafiador pelo qual todos passamos. Eles traduziram, com muita sensibilidade, os sentimentos de toda a comunidade da UnB em uma mensagem de esperança”.
Um empurrão na esperança
“Os versos iniciais da letra de ‘Ephemera’ foram escritos bem antes da pandemia, mas o espírito já era o de hoje: dar um empurrão na esperança, levantar o astral e dizer que, na vida, tudo está em permanente mutação. Fiz uns pequenos ajustes, adaptando a letra à realidade do momento, e ficou pronta. A ideia central é a de que a tristeza de hoje é a certeza da alegria de amanhã”, afirma Paulo José Cunha.
Zé Roraima conta que a música surgiu automaticamente logo que recebeu os versos. Ele só foi perceber depois que, sem se dar conta, encadeou uma sequência em crescente de sete acordes no refrão: “tudo passa/ tudo passa,/ como a onda sobre o mar,/ tudo passa,/ já passou,/ se não passou,/ passará”.
Segundo ele, “a música tinha de ser ‘pra cima’ a fim de acompanhar o sentido dos versos otimistas do Paulo, que sugerem um levantar de olhos para o futuro, falam da eterna mudança de tudo. Foi natural uma melodia num crescendo. A intenção é pegar mesmo o ouvinte pela mão e dizer: gente, nada é eterno, isso tudo vai passar porque… tudo passa”.
“O momento é muito difícil para todo mundo”, reconhece Cunha, que sofreu na pele a perda para a Covid-19 de uma aluna de Jornalismo na UnB e de uma prima com quem cresceu junto na Teresina dos anos 50/60. Por isso, acha que a hora, em vez de lamentações, exige um comportamento altivo e reativo à tristeza.
Para ele e Zé Roraima, foi uma honra e uma alegria ter uma música de sua autoria como tema de campanha de uma universidade tão importante como a UnB.
“Nem bem a campanha entrou no ar com o clip da música começando a ser acessado, e já temos recebido várias manifestações favoráveis. Foram mais de 25 mil visualizações em menos de uma semana, pelos diferentes canais institucionais. Na rua, outro dia, conhecemos uma caloura de Filosofia da UnB, a Sônia. Ela tinha se emocionado ao assistir ao clipe. E quando eu disse que sou o autor da letra, ficou mais emocionada ainda! Fiquei muito feliz, porque é o reconhecimento do trabalho em prol da manutenção do equilíbrio e do otimismo nesses tempos difíceis”.
Uma frase na parede
“Outro dia, diz Cunha, uma frase pichada numa parede perto da casa dele dizia: “A única constante da vida é a mudança”. “Fiquei pensando que uma frase simples, de um anônimo, por vezes tem mais conteúdo e utilidade do que um monte de livros entupidos de erudição, mas que pouca gente lê. Os versos iniciais da música-tema da campanha reforçam exatamente o conceito da frase da pichação:
“Tudo muda como a lua
Do crescente até o minguante
Tudo muda a todo instante
O sol que agora se põe
Vai nascer lá no horizonte”’
E Zé Roraima reforça: “Neste momento é preciso cantar bem alto a esperança. Estamos juntos, estamos vivos e não temos tempo para ser tristes, porque, neste momento, o otimismo não é uma opção, é uma ordem. Na certeza, como diz o refrão da nossa música, de que “tudo passa/ tudo passa,/ como a onda sobre o mar,/ tudo passa,/ já passou,/ se não passou, passará”.
Quem são os autores de Ephemera
José Coelho Maranhão, o Zé Roraima, nasceu na cidade de Pacaraima. Filho de maranhenses, teve o nome do estado incorporado ao nome de batismo. Cresceu se banhando no rio Araguaia, entre a Ilha do Bananal e Gurupi, que pertenciam ainda a Goiás, pois o Tocantins nem existia. Estudou em Santa Rita do Passa Quatro-SP, onde fez o tiro de guerra. Quando o serviço militar acabou, a música falou mais alto e ele seguiu carreira com o nome artístico de Roraima, como os paulistas o chamavam. Um convite para show o levou a Teresina, Piauí, onde vive há quatro décadas de sua arte. Já lançou quatro discos solos. E mais três em parceria com outros músicos. Casado com uma cearense, tem quatro filhos e e quatro netos.
Paulo José Cunha é piauiense, mas mora em Brasília há 50 anos. É jornalista, com passagens pelo Jornal do Brasil, Tv Globo, Tv Verdes Mares e Tv Câmara, onde chegou a ser diretor e onde se aposentou este ano. Continua na ativa como professor de Telejornalismo na UnB e colunista do site “Congresso em Foco”. É poeta, com dois livros publicados. Participou de diversas antologias. Está se preparando para lançar seu próximo livro de poemas – “O Cálice de Kafka”. É autor de dois livros de arte sobre a festa dos bumbás de Parintins – “Vermelho, um pessoal Garantido” e “Caprichoso, a Terra é Azul”. Em parceria com a professora Dad Squarisi, escreveu o tira-dúvidas “1001 Dicas de Português”. É também autor de um dicionário de termos e expressões piauienses, a “Grande Enciclopédia Internacional de Piauiês”, que está na quinta edição. É letrista, com algumas dezenas de canções gravadas É casado, tem cinco filhos e dois netos.
A suavidade de uma borboleta
Já é possível assistir e compartilhar o vídeo oficial de “Ephemera”. Paulo José Cunha recomenda: “Sou suspeito, porque sou professor da Faculdade de Comunicação da UnB, mas vale mesmo a pena assistir ao vídeo, editado na UnBTV. Ficou muito bonito! É uma injeção de otimismo na veia”. Para assistir, basta clicar no link: https://youtu.be/-Jl-hTE3j-4. A música também está disponível em todas as plataformas digitais, como Spotify e Youtube. Outros detalhes da campanha “A UnB quem faz é a gente” você conhece clicando em: https://bit.ly/2UyEg0M.
Segundo a Secom/UnB, a proposta da campanha é “valorizar o componente humano, maior riqueza da UnB. E invoca o princípio de que a Universidade é feita por gente e para gente. Por isso, o cuidado com a vida e com o bem-estar das pessoas é o que conduz a instituição neste contexto atípico e desafiador para todos(as)”.
A campanha também destaca “a importância da contribuição de cada estudante, docente, técnico(a) e terceirizado(a) para concepção da Universidade. Afinal, ela é o resultado da união de esforços coletivos. A referência visual da campanha é uma borboleta amarela e alaranjada, que traz suavidade, fluidez, inclusão, poesia e esperança para esta fase vivida em função de mudanças impostas pela covid-19”.
Ouça a música completa
A íntegra de Ephemera está disponível nos canais do músico Zé Roraima nas plataformas digitais. É possível acessá-la gratuitamente pelo Spotify, YouTube, Deezer, Apple Music, Sound Cloud, Amazon Music e Tidal.