A FolhaBV esteve presente durante a coletiva virtual de lançamento do livro do rapper carioca MVBILL nesta quinta-feira (14). A obra “A vida me ensinou a caminhar” reúne crônicas inéditas sobre a trajetória desta voz que é uma das protagonistas da história do rap e dos movimentos sociais no Brasil.
“A música foi a forma que eu consegui fazer com que o meu trabalho tomasse o seu espaço. Mas é possível lembrar que o jovem precisa criar o seu caminho, seja por meio da música, da literatura, de uma empresa, de uma iniciativa. É preciso persistir. É uma parada que vai evoluindo aos poucos, é um constante aprendizado, Nunca se sabe o suficiente, ou sabe-se tudo” incentivou.
Alex Pereira Barbosa, mais conhecido pelo nome artístico MV Bill, é um rapper, escritor, ator, cineasta e ativista brasileiro. Iniciou a carreira na música em 1988, quando começou a escrever sambas-enredo.
Eu aprendi a entender o que era o hip hop, depois eu entendi como era escrever as letras, no livro eu conto como foi todo esse processo, a gente aprendeu o rap assim, na praça, com muita marra, um pouco de ódio e alguns sonhos. Um tom ameaçador que a gente gostava de chamar de “atitude” porque era mais cult” relata.
“A vida me ensinou a caminhar”
O livro aborda a formação de um movimento social, os primeiros grupos de hip hop cariocas e a primeira apresentação artística na Cidade de Deus. Em seguida, vem os shows mais importantes, a escalada ao sucesso e o preço da fama. Relatos sobre parceiros como Chorão, ex-vocalista do grupo Charlie Brown Jr, Os Racionais MC’s e as apresentações mais emblemáticas na TV aberta.
Também registra os bastidores da primeira comitiva de artistas do rap nacional que foram recebidos por um presidente da república no Palácio do Planalto, em 2002. Bill já tem dois livros importantíssmo na carreira, “Cabeça de Porco”, lançado em paceria com Celso Athayde em 2005 e “Falcão – Meninos do Tráfico”.
Confira um trecho da obra
Subir ao palco do Coroado como a atração da noite seria para mim uma redenção, uma espécie de volta por cima como experimentei, anos depois, na minha carreira, quando fui contratado para tocar no Clube Costa Brava, que fica na Joatinga, entre São Conrado e a Barra da Tijuca. Atração principal de uma festa de Réveillon, com cachê alto, mordomias e aplausos. Bem diferente do que eu havia recebido ali mesmo, anos antes, certa vez que fui à praia com o Mano Tales, amigo de longa data. O acesso se dava por um condomínio de luxo e, na entrada, o segurança nos acenou com toda a simpatia. Estávamos num Peugeot branco importado, escutando Tony Thompson. Ao estacionarmos, antes mesmo de descer do carro, uma viatura encostou pedindo que desembarcássemos com as mãos para cima. Tales esqueceu o som ligado e foi xingado por um dos policiais. A praia toda olhando. Éramos os únicos pretos no local, além dos próprios policiais, claro”.
A obra está em pré-venda no formato físico pelo site da Editora Age (editoraage.com.br/mvbill)
Por Raísa Carvalho