Cultura

Obra roraimense é selecionada como referência no vestibular

O escritor Ricardo Dantas teve seu livro “Meia Pata” selecionado como obra de referência para utilização no Processo Seletivo Seriado do vestibular de 2017 da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Dantas é servidor do Instituto Federal de Educação Tecnológica/ Campus Amajari.

O romance regionalista, ambientado em Roraima, publicado pela Editora Kazuá, foi lançado em julho de 2013 durante um evento na Casa do Neuber. Em janeiro deste ano, uma nova versão foi publicada, exclusivamente para atender aos vestibulandos, com as novas regras do acordo ortográfico e atualizações para atender o público juvenil.

Conforme Dantas, o romance trata das raízes brasileiras, povos tradicionais, natureza. Os personagens principais são a onça-pintada, o pesquisador Daniel Silva, do Rio Grande do Norte, que é biólogo, e Iara Parente, índia Macuxi que cursa doutorado pela Universidade de São Paulo. O romance passa por várias situações, mas, no final, brinca ele, o leitor precisa ler o livro.

“Meia Pata” é a primeira publicação de Dantas, e, para ele, que concorreu com outros autores locais, ter a obra escolhida foi um presente. “Não esperava o reconhecimento tão rápido, pois, desde o lançamento, não tive tempo de fazer o processo de promoção devido a uma série de acontecimentos pessoais, mas a sensação é sentimento de missão cumprida, de objetivo alcançado”, comenta.

Mas o caminho não foi apenas de flores. O autor relatou que estava desistindo de publicar o livro devido à dificuldade de conseguir editora, principalmente para novos autores e que não exigisse nenhuma contrapartida financeira. Conforme ele, a primeira exigiu o valor muito alto para as condições financeiras que dispunha à época, e as demais, embora a contrapartida monetária fosse menor, ainda assim não era viável.

Então Dantas teve a ideia de usar a rede social para promover a obra junto às editoras com o envio do material em PDF para que pudessem avaliá-la. A boa notícia não poderia ter chegado numa data melhor: no dia do aniversário dele, 09 de novembro de 2012, o celular tocou. Era o editor da Kazuá, Evandro Rhoden, falando do interesse em publicar o “Meia Pata”.

Meio que traumatizado com as ofertas anteriores e cético com a ligação, Dantas diz ter sido áspero com o editor, que só pediu para ele ler o contrato de publicação sem ônus e depois desse uma resposta. “Quando ele (Evandro) ligou dizendo que gostaram do manuscrito e que iriam publicar a obra sem uma contrapartida de minha parte, não acreditei. Mas depois de desligar, conversar com um parente artista, que analisou o contrato direitinho, tive que pedir desculpas ao Evandro e agradecer muito (comentou sorrindo)”.

O livro está disponível na Livraria Saber, avenida Ville Roy, Aparecida, Boa Vista-RR, nos sites da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br/p/meia-pata-42138098) e da Editora Kazuá (http://www.editorakazua.net/catalogo/meia-pata-de-ricardo-dantas).

AUTOR
Ricardo Dantas é potiguar, biólogo, especialista em Agroambiente e mestrando em Agroecologia. Atua como Técnico em Agropecuária e é coordenador do Núcleo de Estudos em Agroecologia, no IFRR Campus Amajari. Com os contos indígenas “Um olhar distante…” e “Upatakon”, foi premiado na segunda (2014) e terceira (2016) edição do “Concurso Jaider Esbell de Criação Literária”.

SINOPSE:
“Roraima, extremo norte da maior floresta tropical do mundo. No final da década de oitenta, época sem lei no recém-criado Estado da Amazônia Brasileira, o biólogo Daniel Silva viaja em busca de seu objetivo, estudar a maior diversidade ecológica do planeta. Com uma equipe de trabalhadores formada com mão de obra local, principalmente o caçador Velho Xereta e seu filho Ronaldo, um exímio rastreador florestal, embrenham-se na mata fechada, muito traiçoeira e perigosa. Em sua experiência na região mais isolada e peculiar da Amazônia Legal, Daniel será submetido a todo tipo de situação, de um romance inusitado e místico com Iara Parente, uma linda indígena da etnia Macuxi, a um embate por luta de território e respeito com a maior predadora da floresta, a onça-pintada.”