O professor e pesquisador, Hugo Gonçalves, de 31 anos, surpreende alunos e colegas de trabalho das instituições de ensino por onde passa. Ele faz uso de um princípio filosófico denominado “alteridade”, que se baseia na capacidade de colocar-se no lugar do outro nas relações interpessoais.
Hugo nasceu na cidade de Palmeiras, interior de Goiás e tem formação em Biologia, Teologia, Agronomia e Engenharia Agrícola, com especialização em Proteção de Plantas pela UFV (Universidade Federal de Viçosa), em Minas Gerais, e mestrado em Agroecologia pela UERR (Universidade Estadual de Roraima).
Chegou a Roraima em abril de 2013 e morou nos municípios de Caracaraí e Rorainópolis, ambos no Sul do estado. Atualmente reside em Boa Vista. Declara-se apaixonado pelas terras Macuxi e revelou já ter criado raízes aqui. Mudou-se de sua terra natal após aprovação no processo seletivo de professores do IFRR (Instituto Federal de Roraima), Campus Novo Paraíso, que também fica na região Sul e foi naquela unidade de ensino que ele disse que o plano já aplicado por ele em escolas de Goiás deu certo.
“Por que eu achei que lá deu mais certo ainda? Porque não houve, em dia algum, a confusão entre liberdade e libertinagem. Os alunos entendiam que eu era amigo, porém não faltavam com o respeito. Não fiz questão de colocar barreiras entre professor e aluno. Acredito que essa barreira seja natural”. Afirmou Gonçalves.
Para que os alunos não tenham surpresas durante o ano letivo, uma boa conversa é estabelecida no primeiro dia de aula. “Esclareço que não é porque somos amigos que o aluno vai poder chegar e entrar na sala quando quiser; que pode “matar” aula a qualquer dia que as faltas serão abonadas; que pode tirar zero porque vou dar nota. Ele não pode pensar assim, pelo contrário, porque somos amigos cumpriremos os horários, teremos respeito um pelo outro e o aluno fará um esforço para tirar nota dez”, ressaltou Hugo.
O professor ainda disse que usa a mesma linguagem da turma de alunos, que não faz questão de manter-se distante nos horários de recreio e que, quando há oportunidades, realiza visitas às famílias e que compartilha reciprocamente problemas e orienta os estudantes. Explicou que segue o exemplo da mãe, que é professora, em Goiás.
“Minha mãe percebia qual era o aluno com dificuldades de aprendizagem e conversava com a família para que a criança passasse o final de semana na casa dela. Quando chegava na nossa casa, todas as atenções eram para o aluno, que passava muito tempo aprendendo a ler e escrever, mas também saia para passear. Na hora de ir embora, eles perguntavam quando retornariam e minha mãe dizia que se tirassem boas notas, os levariam novamente para nossa casa. Imagina se esses meninos desapontariam a professora”, lembrou o pesquisador.
Depois que o prazo estabelecido no edital de contratação do IFRR expirou, Hugo foi selecionado no processo de seleção do estado, feito no início de 2015. Em seguida foi aprovado em seletiva da UERR (Universidade Estadual de Roraima) e também foi contratado pela Fares (Faculdade Roraimense de Ensino Superior).
Ex-alunos do IFRR relembraram os tempos em que as aulas foram regidas pelo professor. “Ele era muito dinâmico. Brincava com todos e isso tornava a aula bem mais interessante, sem fugir do assunto. Tínhamos a hora de distração, e a hora do estudo”, reforçou Yuri Takimoto.
“Como costumava falar para ele, é um cara diferenciado dos demais professores, ele dá aulas brincando, mas nunca brinca de dar aula. A metodologia dele é diferenciada, posso dizer que ele é um professor da atualidade, procura se adaptar aos tempos dos jovens. Ele dá uma aula divertida, procurando sempre passar o conteúdo de forma que os alunos assimilem. Sempre brincalhão, nunca perdeu sua postura na sala de aula.
É aquele tipo de professor que sabe o que foi fazer e não entra em uma sala de aula apenas para ganhar dinheiro, como muitos fazem. Se preocupa com o conhecimento adquirido pelos alunos. É meu amigo”, declarou o ex-aluno, Ângelo Juliano.
Aos fins de semana, Hugo viaja para o interior para lecionar disciplinas pela UERR. Um dos alunos afirmou ter identificação com o método aplicado pelo professor. “Ele tenta de todas as formas passar o máximo de conhecimento. Tem um jeito único, vamos dizer assim. A maneira dele levar a aula, nada convencional, torna a aula maravilhosa e o mais importante, ele não chega lá impondo nada, tenta entender as nossas necessidades, se coloca no lugar. Particularmente gosto muito das aulas dele”, disse a aluna Letícia Saldanha, do curso de Engenharia Florestal do Campus da Uerr – Rorainópolis. (J.B)