Cultura

Projetos roraimenses na Feira Nacional de Ciência Jovem

Alunos estudaram o uso da semente de Moringa para auxiliar no tratamento de água em comunidade indígena

As instituições de ensino com projetos selecionados para participar da Feira Nacional de Ciência Jovem, em Olinda (PE), de 29 a 31 de outubro deste ano, embarcarão na próxima terça-feira, dia 28. Os trabalhos foram escolhidos durante a 22ª Edição da Feira Estadual de Ciências e Tecnologias, realizada no Parque Anauá, em setembro.
Entre eles está o projeto-piloto “Estudo da Eficiência da Semente Moringa Oleífera Lam (Sachê/Pó) como Coagulante/Floculante no Tratamento da Água Potável para Comunidade Indígena do Truaru em Boa Vista”, vencedor da 4ª Mostra de Química e Ciência, desenvolvido por estudantes da Escola Estadual Maria das Dores Brasil, sob orientação da professora Eliana Furtado.
“O projeto surgiu devido à necessidade de fazer o tratamento de água em comunidades que não tenham acesso à água potável e foi aí que conhecemos a realidade da Comunidade Indígena do Truarú, pois das 60 famílias, 50% dos moradores são crianças”, explicou Eliana. As crianças apresentavam problemas de saúde devido à contaminação por verminoses.
 A solução foi buscar maneiras alternativas, econômicas e eficientes para o tratamento da água e, durante os estudos, encontrou pesquisas relacionadas ao uso da Moringa, planta de origem indiana. “Ela também é uma planta que serve como alimento, pois é rica em proteínas e em gorduras. Nós pensamos que ela também serviria para fazer o tratamento em água, porque ela age como sulfato de alumínio, utilizado nas grandes cidades”, ressaltou Eliana.
De acordo com a professora, a semente da moringa serve para clarear e eliminar as impurezas da água. “É possível encontrá-la em alguns canteiros da Cidade, no Parque Anauá, na UFRR [Universidade Federal de Roraima] e na comunidade do Truaru”. Para ela, a maior premiação é levar os alunos para participar de eventos nacionais.
Matheus Maciel, aluno do 3º ano do Ensino Médio, e Wanessa Oliveira, do 1º ano do Ensino Médio, serão os estudantes a levar o nome de Roraima e apresentar os estudos de 10 meses aos visitantes e participantes de diversos Estados. “Trabalhar para esse projeto foi gratificante. Quando a professora apresentou esse projeto, eu me interessei, até porque funciona como incentivo, pois futuramente pretendo ser um biólogo”, disse Matheus.
Além de agregar conhecimento, o estudante disse ainda que o projeto é uma forma de ajudar o próximo, com o desenvolvimento de meios baratos e acessíveis para o tratamento da água. “Estamos nervosos, eu mal consigo dormir direito”, brincou. “Uma concorrência desse nível me dá mais motivação”, enfatizou o aluno.
Ele explicou como funciona o processo de elaboração do projeto. “Adquirimos as sementes e nós as colocamos numa estufa, no laboratório de biologia do Instituto Federal de Roraima, a 300°C. Depois desse processo, retiramos a casca e ficamos só com o miolo e, em seguida, trituramos até obtermos um pó. Confeccionamos os sachês”, contou.
Matheus disse que esse é o método mais eficaz para a semente liberar os produtos, sem acesso direto à água. “Quando a água passa pelo filtro com a semente, a sujeira flocula e fica todo no fundo”.
Outros projetos são selecionados
Os três projetos selecionados para representar o Estado na Feira Nacional de Ciência Jovem foram classificados durante a 22ª Feira Estadual de Ciência e Tecnologia de Roraima (Fecirr). Todos eles foram pesquisados e desenvolvidos por estudantes da rede estadual de ensino. Além do projeto da semente Moringa, a escola Antônio Carlos da Silva Natalino levará o estudo “Sukso Ecobargo”. Alunos do Ensino Fundamental da Escola Estadual Desembargador Sadoc Pereira, localizada no município de Alto Alegre, mostrará aos visitantes da Feira Nacional o resultado da “Produção de vinagre utilizando algumas variedades de manda existentes no município de Alto Alegre, bem como a verificação da aceitação junto à comunidade quanto à sua qualidade”.