Cultura

Psiquiatra diz que sociedade ainda tem preconceito com tratamento

Segundo especialista, o principal medo das pessoas que necessitam de acompanhamento é ter seu caso associado a algum tipo de doença mental ou fraqueza

A psiquiatria é uma especialidade da medicina tão antiga quanto a própria medicina, há relatos que a psiquiatria começou no século V. A palavra Psiquiatria deriva do Grego e quer dizer “arte de curar a alma”.

Porém, muitos pacientes ainda têm preconceito e vergonha em relação ao tratamento. De acordo com o psiquiatra Alberto Iglesias, na Idade Média houve uma “involução”.

“A medicina naquela época tratava os ‘loucos de todas as espécies’ em manicômios e/ou tratamentos não convencionais, o que levou a uma discriminação da própria psiquiatria, sendo os pacientes desta época marginalizados da sociedade”, relatou.

Apenas no século XX houve o renascimento e entendimento biológico dos transtornos mentais. “A grande luta do movimento “antimanicomial”, em 1960, levou ao fim dos manicômios e a busca por tratamentos científicos, evitando ao máximo a internação do paciente. Hoje em dia o tratamento com medicamentos eficientes, psicoterapia levam as consultas a serem ambulatoriais, nos casos mais graves tratamento domiciliar, em todos os casos buscando sempre a socialização do paciente”, explicou.

Porque então os pacientes têm vergonha de procurar um tratamento psiquiátrico?

Para o especialista, o psiquiatra sempre é lembrado como médico de loucos, o que não é verdade. O psiquiatra é um profissional que cuida dos portadores de transtornos mentais a nível de prevenção, tratamento e reabilitação. Esses transtornos podem ser de natureza leve, moderada ou grave e abrangem quadros clínicos que vão desde a esquizofrenia, demência e transtornos bipolares a situações mais contemporâneas, como a depressão, o estresse, dependência química e disfunções alimentares, como a bulimia e anorexia.

“Atualmente os pacientes buscam ajuda especializada por diversos motivos: ansiedade, depressão e diversos outros transtornos psiquiátricos. Os pacientes quase sempre de uma angústia inicial na consulta ficam aliviados quando o diagnóstico e tratamento se referem a outros transtornos da psiquiatria”, relatou.

Segundo ele, ainda há uma pressão muito grande da sociedade para não ir ao psiquiatra, ou se fizer isto somente em último caso, o que não é indicado.

“Após o paciente buscar uma lista quase interminável de outras possíveis “soluções”, que só atrasa o tratamento psiquiátrico e psicológico”, contou.

O fato é que nem todas as pessoas possuem esse tipo de esclarecimento e, muitas vezes, deixam de procurar um especialista por puro preconceito ou desinformação.

É recomendado procurar um psiquiatra quando forem identificadas alterações no comportamento que comprometam o indivíduo no trabalho, na convivência com as pessoas e na percepção da realidade, além de mudanças repentinas de sensação, percepção, humor e capacidade de entendimento.

Alberto Iglesias é Médico Psiquiatra e Membro Titular da Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP.