Cultura

Sem representantes de RR, projetos do Rumos 2015-2016 são selecionados

Estado foi o único do País sem projetos escolhidos para o principal programa do instituto para o fomento à produção artística brasileira

Os selecionados do Projeto Rumos 2015-2016, principal programa do Itaú Cultural para o fomento à produção artística brasileira, foram anunciados em coletiva de imprensa realizada na manhã de ontem, 09, na sede da instituição, localizada na avenida Paulista, em São Paulo. Roraima, porém, foi o único estado do País sem projetos escolhidos ou que sofreram algum impacto nesta edição, mesmo tendo apresentado 20 projetos.

Está é a 17ª edição do Rumos, a segunda desde 2013, quando o programa foi reformulado, passando a ser um modelo aberto para receber inscrições de todas as áreas de expressão e iniciativas híbridas, com liberdade para artistas, produtores e pesquisadores definirem as regras de produção e apresentação de suas obras.

Antes de passarem pela Comissão de Seleção, as propostas inscritas foram examinadas por 30 avaliadores contratados pelo instituto entre as mais diversas áreas de atuação e regiões do País, os quais realizaram a primeira fase seletiva. Em seguida, passaram por um profundo processo de avaliação e análise por essa comissão multidisciplinar, formada por 22 profissionais, que se inter-relacionam com a cultural brasileira, e por gestores da própria instituição, que selecionou 117 trabalhos.

Ao todo, o Itaú irá destinar R$ 15,5 milhões aos projetos selecionados no Programa, cerca de R$ 2 milhões a mais do que na última edição. O diretor do Itaú Cultural, Eduardo Saron, destacou o caráter sério e consistente do projeto. “Só o aspecto do processo de governança, seriedade e transparência na seleção dos projetos mostra a importância do programa para essa linha”, ressaltou.

Durante os quase 29 anos de Itaú Cultural, Saron citou a busca constante por renovação e inovação dos projetos. “A todo o momento nós buscamos inovar e renovar. Os 12 mil projetos inscritos representam novos riscos e desafios a partir da conexão com os contemplados”, afirmou.

Para a representante da Comissão de Seleção do Rumos, Karla Martins, os projetos apresentados revelaram intensidade nos pensamentos político, social e cultural do País. “São importantes porque demonstram o posicionamento cultural, reflexão e caminhos até o edital, sendo muitos racionais e leitores desse país”, disse.

Ela, que veio de Rio Branco, no Acre, falou sobre a participação dos Estados do Norte no programa. “O edital dá a possibilidade de oferecer espaço a projetos que querem dizer algo. O fato de os Estados do Norte serem mais distantes e de haver pouca participação cultural pode ter influenciado nos poucos selecionados de lá”, argumentou.

ESTADOS CONTEMPLADOS – Os projetos selecionados são originários de 25 estados e um é da Argentina. Somente Rondônia e Roraima não tiveram trabalhos classificados – sendo que o primeiro é impactado por uma obra a ser realizada a partir de Goiás. Pelo menos 52 dos escolhidos terão repercussão e investigações em outros estados ou países (Angola, Colômbia, Cuba, Espanha, México e Uruguai).

A região Sudeste conta com 62 dos contemplados (52,99% do total); o Nordeste, com 27 (23,08%); o Centro-Oeste, com 10 (8,55%); o Norte, com nove (7,69%); e o Sul, com oito (6,84%). São Paulo figura com 34 (29,3% do total); Rio de Janeiro, com 16 (13,8%); Minas Gerais, com 10 (8,6%); Bahia, com oito (6,9%); Pernambuco, com seis (5,2%); e o Pará, com cinco (4,3%).

Com as propostas inscritas em três grandes campos – criação e desenvolvimento (concepção e/ou desenvolvimento de projetos artístico-culturais), documentação (organização e preservação de acervos relacionados à arte e à cultura brasileiras) e pesquisa (desenvolvimento de pesquisas em arte e cultura brasileiras) –, a maior incidência é nos formatos audiovisual/documentário (48), seguido de patrimônio e memória (45), artes visuais (40), formação (30) e música (28).

PROJETOS DESTACADOS – Neste ano, houve uma grande incidência de trabalhos inscritos com questões que espelham as atuais preocupações do país: questões raciais, as comunidades isoladas e as questões de gênero. Também projetos de artistas viajantes que promovem intercâmbio entre diferentes culturas da América Latina ou de países que fazem parte da história brasileira, como Angola. (L.G.C)

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