‘Gelada’, ‘breja’, ‘cerva’, ‘suco de cevada’, ‘loiraça’, as gírias variam bastante de um estado para o outro, mas uma das maiores paixões nacionais pode ser resumida em um único nome: cerveja.
A verdade é que a cerveja já faz parte da rotina do brasileiro, adaptando-se bem em praticamente qualquer ocasião e ajudando a construir um clima de descontração e informalidade que deixa até os mais tímidos à vontade. Quando o cervejeiro é fã de viagens, a experiência de encher o copo se torna ainda mais satisfatório. Sabe por quê?
O Turismo pode conduzir aficionados pela bebida para destinos em que a cerveja, a gastronomia ou belas paisagens campestres são os ingredientes principais. E como essa é uma tendência que veio para ficar, cervejeiros começaram a despontar em diferentes partes do país, trazendo consigo a possibilidade de novas e apaixonantes experiências que incluem passeios incríveis regados a bons goles.
De acordo com a agente de viagens Guiomar Luz, da MLX Viagens e Turismo, a ideia do turismo cervejeiro está em alta desde 2014.
“O Turismo como um todo estava sofrendo com os fortes impactos da crise no Brasil e nós, da MLX Viagens e Turismo, resolvemos criar algo diferenciado. Pensamos nos aspectos gerais das principais localidades de cervejarias no Brasil e no mundo, visando aprofundar o significado e a importância da atividade turística relacionada à bebida. Começamos participando de tudo o que envolve o universo cervejeiro: visitamos microcervejarias, casas de venda de insumos, feshis, concursos e eventos dedicados à cerveja e à sua cultura. Decidimos explorar a Rota pelo interior do Rio de Janeiro por ser uma estância turística com excelente infraestrutura (desde hotéis e restaurantes ao teleférico, por exemplo) e por ter um talento nato para a bebida”, explicou.
Conheça alguns dos roteiros listados pela Agência que mais chamam a atenção dos viajantes cervejeiros:
Rio de Janeiro:
Em terras fluminenses há muito mais para se ver e fazer do que os atrativos da capital.
O circuito Serra Verde Imperial, composto por Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo, Santa Maria Madalena e Guapimirim, ganhou renome nacional ao reunir o maior número de fabricantes de cerveja do país, combinando marcas já consideradas e, ao mesmo tempo, inserindo no mercado deliciosas iguarias artesanais. Foi assim que surgiu a Rota Cerejeira, iniciativa que envolve mais de 70 bares, restaurantes, cervejarias e brewpubs (bares que produzem a própria bebida) da região serrana do Rio.
Um lugar chamado nova Friburgo
Colonizada por suíços ainda no século 19, é uma dos maiores produtoras nacionais de chocolate, queijos e vinhos, mas também manda muito bem no quesito cerveja, servindo de endereço para três cervejarias: Barão Bier, Ranz e Born2Brew.
Quem aparece por ali tem a oportunidade não apenas de visitar cada uma delas, mas participar de degustações, curtir restaurantes e bares com excelentes cartas da bebida, assistir a palestras com sommeliers e até mesmo fazer cursos com mestres no assunto.
“Não existe uma data específica para aproveitar tudo isso. Esses passeios podem ser feitos em qualquer época do ano, inclusive na baixa temporada, o que ajuda a manter aquecida a demanda para a região e evita multidões de turistas”, ressalta Guiomar.
Petrópolis e a história da Bohemia
Como decorrência da presença de imigrantes alemães a partir de 1843, o município conheceu a sua vocação para a cerveja 10 anos depois, quando foi fundada a primeira cervejaria do Brasil, a Bohemia.
“Petrópolis se transformou em um polo cervejeiro tão importante que começou a promover mensalmente a Feira de Cervejas Artesanais, mais conhecida como Deguste. O evento tem como objetivo despertar no público o gosto pelo produto e, de quebra, apresentar os diferenciais das fabricações artesanais, que pouco a pouco vêm conquistando a preferência da região”, reforça.
Três marcas predominam na cidade: Bohemia, Cidade Imperial e Grupo Petrópolis — este último detentor de seis rótulos (ltaipava, Lokal Bier, Petra, Crystal, Black Princess e Weltenburger Kloster)
Teresópolis, terra da cerveja
Segundo ela, é exatamente por isso que uma visita à Vila St. Gallen não pode ficar de fora de nenhum roteiro.
“O impressionante complexo cervejeiro se apresenta como uma reprodução fiel de uma vila germânica e é o lugar ideal para quem quiser experimentar as diversas variações da bebida, guardada em gigantescos tonéis. Ali dentro ficam, além da cervejaria Sanki Gallen, o restaurante Abadia Anno 61 3, o Bistrô 1912, o Harlekin Pub, a cafeteria Kaffe Haus, uma capela e uma loja de lembrancinhas. Aos fins de semana, a dica é aproveitar o Bier Tour e participar da degustação de quatro tipos diferentes da fermentada”, disse.
A Buzzi de Santa Maria Madalena o pacato Município de Santa Maria Madalena tem uma aura rural que inspira sossego e mergulha o visitante na vida do campo. Por ali há casarões históricos, cachoeiras, atrativos naturais, formações rochosas e charmosas pousadas em que atividades como pescar e ordenhar fazem parte do cotidiano.
Uma das marcas registradas da região é a Buzzi, cerveja artesanal com teor alcoólico relativamente alto (5,5%) e sabor intenso, que começou a ser fabricada em 2010 e hoje conta com sete estilos diferentes: Weiss, Stout, Red Ale, Blond, Lager, Bock e Rumbier — esta última derivada do melado de cana.
Guapimirim de portas abertas
O objetivo é apresentar a estrutura — muitas vezes montada na residência do professor — e tirar todas as dúvidas que envolvem a fabricação da cerveja, incentivando, assim, outros microempreendedores e fortalecendo o mercado de cervejas artesanais.
As vagas para esses treinamentos geralmente são super concorridas, então é preciso planejar com antecedência uma visita à cidade.
Uma das marcas mais famosas da região é a CerVeiga, criado por João Veiga, um dos fundadores da ACervA Carioca (Associação dos Cervejeiros Artesanais) — Ruby, Stouteante e Negafurné são alguns dos rótulos mais conhecidos. Ele, inclusive, é o dono do bar “Cerveja entre amigos”, um dos points da cidade e onde é possível encontrar 70 rótulos de cervejas artesanais nocionais e importadas.