
O curta-metragem “O Desprezo”, dirigido pela cineasta Adriana Duarte Bencomo, é a nova proposta inovadora que pretende reinventar o cinema em Roraima. Com 13 minutos de duração, a produção de comédia fantástica aposta no preto e branco para contar uma história cheia de humor, crítica social e um olhar inovador sobre a vida na fronteira.
A diretora, em sua quarta produção no La Mochila Migrante, entrega uma obra que vai além do entretenimento. Adriana reforça o compromisso com um cinema mais inclusivo, feito por mulheres, migrantes e pessoas LGBTQIAP+, rompendo com a estrutura hierárquica e elitista que domina a indústria. “Em Roraima o panorama é bem diverso; a nova onda do cinema roraimense tem novas diretoras e diretores, assume novas identidades, novas narrativas e problemáticas sociais, porém se constrói a partir de um espaço que envolve carinho e sensibilidade”, explica.
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No centro da narrativa está Orish Malavé, atriz venezuelana residente em Boa Vista, que faz sua estreia como protagonista. Para ela, a experiência foi desafiadora e transformadora, com a importância de representar a união de dois países por causa de um conjunto de situações adversas. Orish também destacou a sua experiência enquanto profissional durante a produção.
“Me trataram sempre como se fosse uma grande atriz reconhecida e isso impulsiona a gente trabalhar com vontade de dar o 100% sempre. Trabalhar com uma equipe liderada por mulheres amenizou muito o estresse laboral que normalmente se vive no trabalho. Então foi tudo muito leve graças a elas. O roteiro foi bem original e quando soube que seria protagonista na minha estreia como atriz no Brasil, simplesmente pulei de felicidade porque não teria uma melhor forma de começar a minha carreira de atuação no país”, pontuou.
Cinema na fronteira
Com uma abordagem visual cuidadosa e uma estética que remete aos clássicos do cinema, o curta “O Desprezo” captura com sensibilidade o cotidiano e as contradições da região fronteiriça entre Brasil e Venezuela. A mistura de culturas, sotaques e expressões é um dos grandes destaques da produção, que encontra na comédia fantástica um jeito leve – e ao mesmo tempo profundo – de falar sobre identidade, pertencimento e diversidade.
A equipe do filme é majoritariamente feminina e é composta por artistas e técnicos migrantes e locais. Diana Echenique, produtora geral e responsável pela direção de arte, destaca a importância desse olhar coletivo.
“Trazer situações do cotidiano dessa região fronteiriça para o mundo do cinema, neste caso em um curta-metragem, exige um cuidado nos detalhes. Trabalho que acreditamos ter executado bem, exatamente pela diversidade na equipe, contando com artistas e profissionais tanto venezuelanos residenciados em Boa Vista como artistas e profissionais locais, que hoje em dia contribuem muito para o desenvolvimento do cinema em Boa Vista e em Roraima”, acrescentou.
Além de “O Desprezo”, La Mochila Migrante já prepara outros dois lançamentos para 2025: “Calipso”, de Benjamin Mast, e “Llaneros em Boa Vista”, de Fernando Millán – ambos premiados e financiados pela Lei Paulo Gustavo. O curta presta homenagem ao ator Anderson Nascimento, falecido em 2024, e ao humorista Paulo Gustavo, ícone do cinema brasileiro e símbolo da inclusão no audiovisual.