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A trajetória de Gislayne de Deus, marcada pela busca por justiça ao assassinato do pai, está sendo transformada em livro pela escritora Luciana Gnone. Em entrevista exclusiva à Folha BV, Luciana e Gislayne comentaram sobre a produção, que deve sair em 2026.
Conhecida por suas obras de ficção policial protagonizadas por mulheres, Luciana se interessou pela história de Gislayne ao se deparar com várias matérias publicadas na imprensa nacional. A escrivã de Polícia Civil de Roraima (PCRR) persistiu por 25 anos para prender o assassino do próprio pai, morto a tiros em um bar no bairro Cambará, na zona Oeste de Boa Vista, por causa de uma dívida de R$ 150.
“Eu sou autora de ficção policial e todos os meus livros têm mulheres como protagonistas. Quando vi a matéria sobre Gislayne, me chamou atenção porque ela materializava aquilo que eu escrevo na ficção. Era uma mulher, na vida real, enfrentando desafios dentro da segurança pública”, explicou Luciana.
A escritora revelou que o primeiro contato com Gislayne foi feito por meio de sua assessoria de imprensa, garantindo que essa aproximação fosse profissional e respeitosa. “Eu não queria parecer uma escritora amadora ou uma aventureira querendo surfar na onda da história dela. Minha intenção era genuína, queria mostrar que sua história representava muito para mim e para outras mulheres”, afirmou.
Gislayne, por sua vez, contou que ainda sente como se estivesse em um sonho. “Desde setembro, quando tudo isso ganhou repercussão, parece que vou acordar a qualquer momento e nada disso aconteceu. Até a prisão do acusado demorou a cair a ficha, porque foi um processo muito longo”, disse.
A sintonia entre autora e protagonista foi um fator determinante para que Gislayne confiasse o relato de sua vida à escritora. “Outras pessoas também demonstraram interesse em transformar essa história em livro ou audiovisual, mas com Luciana eu me senti segura. Ela destacou a importância de manter a essência da minha história e ter um cuidado especial com minha família”, afirmou.
Experiência em Boa Vista
Luciana Gnone passou os últimos cinco dias em Boa Vista. Em uma imersão para aprofundar os detalhes da história de Gislayne, conheceu familiares, a cidade e viu de perto o reflexo da migração venezuelana em Roraima.
“Essa visita expandiu minha percepção sobre a trama. Achei que sairia com um volume de informação X e estou saindo com dez vezes mais. A estrutura do livro se ampliou de maneira significativa […]. No Sul e Sudeste do País, não temos ideia da realidade migratória enfrentada aqui. Isso impacta áreas como saúde, educação e moradia. Ainda preciso me aprofundar mais no tema, mas será uma das nuances do livro”, detalhou a autora.
Além de questões específicas de Roraima, a produção deve abordar as dificuldades do sistema judicial e a falta de inteligência policial para resolver certos casos, como no caso do pai de Gislayne que demorou 14 anos para o julgamento do acusado. O lançamento da obra está previsto para 2026 e promete trazer reflexões sobre justiça, determinação e os desafios enfrentados por mulheres que lutam contra adversidades.