Em Caravana Sairé, o novo álbum de Marcelo Jeneci, a jornada musical vivida por mestres como Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Gilberto Gil é revisitada como o objetivo de conferir uma nova dimensão e amplitude ao forró, tirando o ritmo nordestino da prateleira de “regional” e o colocando em seu devido lugar: música pop.
Caravana Sairé é o quarto álbum de Jeneci e será o primeiro de uma trilogia temática sobre a música nordestina. O primeiro é todo de regravações. O volume 2, já gravado, mas com lançamento para 2024, é todo autoral. E o terceiro ainda está em aberto.
A FolhaBV entrevistou o cantor, que apontou, com seu novo trabalho, a intenção de amplificar a potência da música nordestina, igualando seus ritmos e subritmos à MPB, que é conhecida internacionalmente.
“O Brasil, de tão rico e imenso que é, passa a ser construído por pessoas de várias regiões e a música costura isso tudo como uma linha, como o trilho de uma locomotiva. A gente ouve dizer que samba é música brasileira e não que samba é música carioca. Então por que o forró e os seus subritmos são chamados de música nordestina? É música popular brasileira produzida a partir do nordeste. Querendo não ser pretensioso, minha intenção é colocar na prateleira um disco que segue a pavimentação, aprendizado e sugestão dos grandes Orixás da música, que vieram antes da gente fizeram. Colocar essa MPB feita a partir do Nordeste no paladar do mundo, com sua força e rítmo, tal qual o pop“, conta Jeneci.
O álbum de regravações contou com a produção de Mario Caldato, que já trabalhou com os Beastie Boys, Björk, Jack Johnson, Marcelo D2, Seu Jorge, entre outros sucessos da música mundial. Jeneci fala um pouco sobre a concepção do trabalho e as influências que foram determinantes para sua construção.
“A gente escolhe mixar o disco com o Mario Caldato, na California, pra trazer esse acréscimo da tradição através de um som que vem do agreste e também da metrópole que é São Paulo, que se une com um olhar de fora do Brasil, pra ganhar a acuidade sonora capaz de dialogar com o paladar atual. A gente faz da zabumba o baixo do trap, faz da origem a melhor captação dessa força no fluxo da tradição, acrescentando novidades“.
O cantor finaliza falando sobre o sentimento envolvido na produção e regravação de cada uma das canções, estabelecendo diálogo com trabalhos anteriores.
“É mostrar um olhar novo para um ambiente que a gente tem um olhar mais caricato. Ao escutar as musicas a gente percebe que nem sabia que estava sentindo falta de ouvir essas músicas em questão. O repertório desse disco pega na mão de quem já se conectou com o meu trabalho, como em Felicidade, pra mostrar um novo olhar de como receber e viver essa MPB, com força e ritmo capaz de ganhar o mundo, tal qual o R&B, fazendo a música que une e não que separa”, finaliza.
“Caravana Sairé” começou a nascer a partir dos diálogos de Jeneci com o cineasta pernambucano Helder Pessoa Lopes, que assina a direção artística do disco. A parceria é antiga: “Dar-te-ei”, canção do primeiro disco de Jeneci, foi feita a partir de um poema de Helder.
MARCELO JENECI
Você pode até não conhecer o santo, mas já ouviu falar do milagre. O mesmo acontece com Marcelo Jeneci, que há mais de um década têm seus sucessos nas trilhas sonoras das novelas mais queridas pelo público: “Quarto de Dormir” na novela Lado a Lado de 2012, “Feito para Acabar” na novela Flor do Caribe de 2012, “Um de Nós” na novela Em Família de 2014, e “Veja (Margarida)”, na regravação da canção de Vital Farias na novela Velho Chico de 2016 são algumas delas.
Conheça e relembre alguns dos trabalhos de Jeneci: