Foi ainda criança, que o artista amazonense Raí Campos, que hoje adotou o nome “Raiz” escolheu como viveria sua vida e teria seu sustento. Além de uma forma de expressão, o grafite se transformou em uma luta em busca de dar mais visibilidade à arte indígena e sua necessidade de representação.
Porém, não foi sempre que o artista teve apoio. Por ainda ser uma arte muito criminalizada, os familiares do jovem não acreditavam que ele pudesse viver apenas da arte.
“Quando contei para os meus pais que eu queria ser um ‘grafiteiro’ eles ‘piraram’. Hoje é da arte que tiro o meu sustento, é um emprego de verdade. É preciso estudar, entender um pouco de tudo. A dedicação em aprender mais me transformou em um verdadeiro artista, me colocando em contato com muitas pessoas e lugares bacanas, pintar nossa própria cultura, nossos lugares, nossos problemas e usar tudo isso como uma espécie de grito”, explicou. O jovem é estudante do curso de Artes Visuais na Universidade Federal do Amazonas.
Em seus painéis, Raiz prefere representar os indígenas, as plantas amazônicas, o céu, a floresta e os animais. Aos vinte e seis anos, aprendeu a desenhar no interior no Amazonas, onde teve contato direto com várias etnias. A partir daí, começou a usar os desenhos para transmitir seu respeito pela cultura indígena como os verdadeiros donos da terra.
“Eu tive um contato direto, vivendo na beira do rio, apesar de ser branco, não havia um tratamento diferenciado. Uma vez conversei com um indígena que me contou que não se sentia representado, que não se via nos quadros, nos filmes, nas novelas e com as minhas obras ele conseguia se enxergar”, disse.
O jovem veio à Boa Vista para participar do Grafitta Roraima, porém acabou ficando por mais dias. Na capital, algumas paredes ganharam a assinatura de Raiz, entre elas um painel localizado em um estúdio de tatuagem no Bairro Jardim Floresta.
História
Criado na Vila de mineração Pitinga, dentro da reserva indígena Waimiri Atroari, Raiz teve sua primeira influência artística com seu pai que era pintor da comunidade. Aos 14 anos ganhou suas primeiras latas de spray e transformou as paredes do seu quarto em sua primeira obra de arte.
O artista produziu diversos painéis junto com outros grafiteiros em Manaus. Ele faz divulgação de seu trabalho em suas redes sociais Facebook e no Instagram com @raiz.campos.