Ela é conhecida como “Valéria Solitária do Asfalto”, é natural de Guarulhos (SP), tem 42 anos, casada e, além do marido Fábio, possui outra paixão: a motocicleta. Valéria Rodrigues completou no dia 7, ao entrar em Roraima, o seu Projeto Brasil. Há 15 anos, ela sofreu um grave acidente de moto e permaneceu seis anos sem poder pilotar. Aos poucos, com muita força de vontade, Valéria foi recuperando os movimentos. Na manhã de sexta-feira, a motociclista conheceu o estado mais ao extremo Norte do país e, com isso, ganhou o título de “primeira mulher sobre uma moto de baixa cilindrada a percorrer todos os estados brasileiros.
Para caminhar, ela usa uma bengala, mas para pilotar sente-se totalmente independente. Guerreira nas estradas e na vida, Valéria fez implantes, reconstituiu parte da perna e, enquanto se recuperava, aproveitou para fazer faculdade de Pedagogia e especialização em Libras. De 2002 a 2008 fez fisioterapias e cirurgias até conseguir caminhar e voltar a pilotar.
Com a viagem até Roraima, Valéria percorreu mais de 170 mil quilômetros de estradas pelo país. Sozinha, numa moto modelo Suzuki Intruder, ano 2008, 125cc, ela hoje afirma que só tem a agradecer. “Saí de São Paulo no dia 25 de março de 2017 com o objetivo do chegar a Roraima, único estado que faltava para finalizar meu projeto. De São Paulo até Porto Velho [RO] rodei mais de três mil quilômetros, depois mais de mil de navegação pelo rio Madeira, saindo no rio Amazonas e depois chegando ao ‘Encontro das Águas’. Consegui ‘bater a marca’, consegui atingir meu objetivo e hoje agradeço a Deus, meus pais e meu marido Fábio que está em São Paulo torcendo por mim”, desabafou a aventureira.
Ao chegar a Roraima, Valéria ficou hospedada em Rorainópolis, Sul do Estado, de onde seguiu rumo a Boa Vista. De acordo com ela, em todos os estados por onde passou recebeu muito apoio. “Foram várias lojas e motociclistas que me apoiaram. Me ajudaram no percurso, me receberam em suas residências, sedes de moto clubes, núcleos e outros. Todos hoje merecem meus agradecimentos. Até aqueles que tentaram me atrapalhar, eles foram molas impulsionadoras e trampolins para que eu pudesse bater a minha marca. Me fizeram mais forte de querer continuar”, disse.
Valéria conseguiu o feito sem nenhum patrocínio. Atualmente, promove palestras sobre superação e participa de eventos com sua moto. Para ela, a garra da mulher brasileira é fundamental para a realização de sonhos.
“Estamos em um país livre, podemos usar a roupa que quisermos sim, fazer o que quisermos, ter a profissão que quisermos. Isso também quer dizer que podemos colocar combustível na moto e ir para qualquer lugar. Somos livres e isso nos mostra o quanto podemos realizar. Estou feliz da vida e ainda vai ter muito mais pela frente”, garantiu.