Receber os amigos em casa está entre os programas favoritos para o fim de semana, seja para uma pizza, um churrasco ou para testar – e até mesmo repetir – uma receita deliciosa. Além disso, fazer um encontro em casa pode representar economia. Fica mais barato do que todo o grupo sair para jantar. No entanto, receber convidados pode significar estresse para quem tenta fazer com que tudo saia perfeito. Por sua vez, se o anfitrião for relaxado demais, pode não agradar a todos e deixar uma má impressão.
Para evitar ambas as situações, algumas dicas podem deixar a tarefa de organizar um jantar ou uma festa informal em que todos os convidados se sintam em casa mais fácil. A consultora de etiqueta Silmara Leite Ribeiro Santos lembra que, antes de mais nada, o anfitrião precisa estar disposto a isso. “Se marcar em um dia muito agitado e com muito trabalho, você pode ficar sem a vontade de receber. Outro fator importante é reunir pessoas que você gosta”, explica.
A escolha dos convidados pode evitar situações chatas, como o encontro de um casal recém-separado, o que pode estragar a festa dos outros. A próxima etapa é planejar o que será servido. A escolha deve levar em consideração possíveis restrições dos convidados. O anfitrião deve comunicar qual será o cardápio no momento do convite. “A pessoa também pode pedir para cada um dos convidados levar um prato. Se a ideia é fazer um prato único, o anfitrião pode pedir que cada um leve um ingrediente ou a própria bebida”, completa Silmara.
Outra situação essencial é planejar a quantidade de comida conforme o número de convidados. Com isto, o anfitrião consegue evitar o desgaste de ter que sair no meio do encontro para comprar alguma coisa extra ou ter que fazer outro prato às pressas. “O que nunca pode faltar é água e gelo, ainda mais em tempos de Lei Seca. É necessária uma opção sem álcool, como um suco ou um refrigerante”, ensina a consultora.
A preocupação de quem recebe convidados em casa também deve estar no ambiente. A também consultora Silvana Lages ressalta que o espaço deve comportar o número de convidados. Se o local é aberto, o anfitrião tem que planejar uma alternativa em caso de mau tempo. “É preciso verificar o que vai precisar de recursos materiais para fazer a reunião. Verificar se há copos, talheres e pratos para todo mundo”, salienta.
O anfitrião deve comunicar qual será o cardápio no momento do convite (Foto: Divulgação)
Ela aconselha que as travessas com as comidas sejam dispostas em um balcão para que a mesa fique livre para os convidados, que também ficam mais à vontade para escolher o que querem. Se não tem lugar para todo mundo sentar, o anfitrião precisa lembrar de fazer ou encomendar um prato que não necessite a utilização de faca para cortar. Vale também deixar guardanapos e copos em vários locais para facilitar a vida dos convidados.
Deixar a casa limpa e arrumada também é essencial. No banheiro, é necessário deixar mais rolos de papel higiênico para emergências, além de sabonete e toalhas limpas. “O anfitrião deve guardar todos os itens pessoas e só deixar o necessário para os convidados. Alguns produtos, como enxágue bucal, fio dental e absorvente, também podem ser deixados sobre a pia para facilitar a vida de um convidado que não quer revelar algum imprevisto”, aconselha Silmara.
Quem está no comando da reunião também precisa dar atenção aos convidados. De nada adianta programar um mega evento se não aproveitar este tempo com os amigos. “Tem que interagir. Tudo pode ficar uma delícia, mas não adianta nada se você não curtir. O importante é a presença dos amigos, não o cardápio. É melhor não inventar nada elaborado para não ficar o tempo todo na cozinha”, avalia Silvana.
E se surgir aquela situação desagradável, como discussão entre os convidados ou, reclamação no condomínio pelo volume alto do som? “O anfitrião precisa de jogo de cintura para lidar com esta possibilidade. Tem que dizer com jeito para o convidado. E o humor salva. Na brincadeira, é possível falar o que é preciso”, indica Silmara. Por isso, a formulação da lista de convidados se torna uma tarefa preciosa. Se tem gente que não se conhece no mesmo encontro, o anfitrião tem o dever de apresentar os convidados e conversar um pouco, antes de dar atenção para o restante dos amigos.
Fonte: Joyce Carvalho, Meia Fina/ Tribuna PR
ARTIGO
Quem vem?
Por Roberta D’albuquerque*
Temos mantido a casa cheia nos últimos dias. A quantidade de lençóis lavados, estendidos, passados, guardados e, por fim, tirados novamente do armário me fazem atentar para o aumento constante da população local. Semana passada, foram os meus, os que apesar de estar fora estão tão dentro que quase não é possível chamá-los de visitas (que bom). Desde segunda, revezam-se os delas, os das crianças. Os amigos da escola que chegam em dupla, em trios e enchem a casa de novas vozes, de risadas, de lições de casa feitas a muita música alta (como conseguem?) e pedidos de lanchinhos.
Nossa casa gosta de convidados. É parte do combinado, por aqui, é não precisar de permissão para se fazer convites. Basta avisar quem vem. E quem vem? Hoje, a Isa e a Sofi. Logo mais, o Toti e o Max, ontem, a Gabi e a Sue. Um delícia, embora envolva alguma disponibilidade para o inesperado. Já foi preciso correr para o hospital com uma testa rasgada, desgrudar cola quente de um dedinho doído, separar briga, se meter em conversa que tomou rumo torto, ligar para mãe pedindo resgate.
Na mesma medida em que conhecemos dicas de pizzaria, nos deliciamos com o piano tocado a seis mãos, conhecemos novas músicas, receitas e séries, nos enternecemos com histórias contadas com a doçura de crianças que se deixam estar à vontade em uma casa que não é a sua.
Abrir a casa é também abrir-se ao novo. E o novo chega em sua própria forma. É possível saber quem vem, mas não como vem. Sempre que recebo um analisando no consultório penso nesse paralelo. O barulho da porta da sala de espera é, para mim, um anúncio da grandeza e da complexidade do outro. Entro e ao mesmo tempo deixo entrar. A primeira palavra dita, o caminho da fala, a resposta a uma pontuação, todas as possibilidades estão na mesa e nada nos prepara o suficiente para o que vem (de novo, que bom). Minhas filhas me presentearam com seus amigos. Eles, com este exercício: há de estar à vontade, há de abrir a porta, há de entrar.
*Roberta D’albuquerque é psicanalista e assina uma coluna em vários jornais no país e na Folha de Boa Vista