Os padrões de beleza impostos pela sociedade podem ser bem cruéis para as mulheres, em especial as mulheres negras, que sofrem os maiores danos das estruturas sociais que formamos e que são representadas na mídia. Pensando nisso, a fotógrafa e estudante de jornalismo Nara Michely, 20 anos, abre em exposição o projeto fotográfico ‘Morena não, Negra!’.
Segundo ela, a proposta é levar ao público uma reflexão sobre a questão da representatividade. Para ela, a sociedade ainda tem dificuldades em reconhecer como bonito, como positivo, aquilo que não vemos na TV, no cinema. A mulher negra, muitas vezes ainda é vista como periférica, exótica, apesar de mais da metade da população brasileira se declarar preta ou parda. “Ainda é difícil encontrar referências negras associadas a uma imagem positiva, um personagem negro numa telenovela que ocupe um alto cargo, uma princesa negra”, complementa.
O projeto, que recebeu o nome de “Morena não, negra’, quer questionar aquelas pessoas que acreditam que mulheres negras não podem ser chamadas de “negra”, por ser algo negativo. “A nossa ideia é propor uma reflexão sobre os valores estéticos impostos na sociedade brasileira, utilizando para isto a força da imagem, afirmando o empoderamento da mulher”, disse.
Trata-se de um trabalho que pretende viabilizar o reconhecimento da figura negra como possibilidade potente do belo, tendo também como intuito suscitar uma ponderação sobre os danos que a “invisibilidade” do negro pode trazer para a formação de uma sociedade democrática: uma sociedade que se respeite, que se assuma e se represente em diversidade.
Entre as modelos clicadas, estão mulheres que receberam pinturas tribais inspiradas em sua africanidade feitas por Brenda Marcela.
Exposição
As dez fotografias do projeto estarão expostas a partir dessa sexta-feira (20), no hall do Pátio Roraima Shopping em homenagem ao dia da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro. A exposição tem entrada franca.
Serviço
Morena não, negra!
Data: Até 20 de dezembro
Local: Pátio Roraima Shopping
Entrada franca