
“Eu aprendi que devemos defender as mulheres e não bater nelas. Caso a gente presencie ou tenha conhecimento de algum relacionamento abusivo, seja na família, entre amigos, conhecidos ou vizinhos, tem que ligar para a delegacia ou para o Chame [Centro Humanitário de Apoio à Mulher] e denunciar ou fazer um boletim de ocorrência. É muito importante abordar esse tema dentro das escolas”.

O relato acima é do estudante Gustavo Gomes, de 17 anos, do 1º ano do ensino médio do Colégio Estadual Militarizado Wanda David Aguiar, localizado na zona Oeste de Boa Vista. Ele é um dos mais de 8,1 mil alunos de escolas estaduais de Roraima que participaram das palestras orientativas e informativas do Chame, vinculado à Secretaria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR).
Até o momento, 44 escolas estaduais receberam as equipes multidisciplinares. O intuito da ida às unidades de ensino é alertar sobre o cenário de violência contra a mulher e impedir que o ciclo de agressões ocorra entre os jovens. Durante as palestras, são abordados os tipos de violência, as sequelas na vida da mulher, como denunciar e os programas permanentes do Poder Legislativo em defesa do público feminino.
“O trabalho do Chame mostra que muitos adultos têm comportamento agressivo porque estavam dentro de um ambiente familiar de mesmo teor. Por isso, ao levar conhecimento para as escolas, a Assembleia Legislativa reforça a rede de combate à violência doméstica, ensinando esses jovens sobre um relacionamento saudável, baseado no respeito mútuo. O que esperamos é que essa informação chegue até as casas dos alunos e seja compartilhada com os pais, irmãos, tios e avós”, declarou o presidente do Legislativo, deputado Soldado Sampaio (Republicanos).
Por que as escolas?
É na fase da adolescência que os jovens começam a ter os primeiros relacionamentos. Por isso, a Secretaria Especial da Mulher entende que é necessário compartilhar informações nas unidades de ensino para evitar comportamentos abusivos. Às vezes, é no namoro que aparecem sinais que são ignorados pelas mulheres, como querer controlar atividades do dia a dia, ciúmes excessivos e puxões de cabelo.
“Esse tipo de evento é bom para os adolescentes porque os ajudará a terem uma mente mais aberta e até a chegarem em alguém e falar o que é preciso fazer, caso esteja acontecendo alguma coisa dentro de casa, seja com a mãe, com a avó ou qualquer outra pessoa. É também uma forma de prevenção”, destacou a aluna Melissa Togado, de 17 anos, da Escola Estadual Ana Libória.
As palestras fazem parte de uma série de ações já desenvolvidas pela Secretaria, como atendimentos psicológicos, jurídicos, assistência social e grupo terapêutico. Durante os encontros com os estudantes, são entregues panfletos com informações valiosas, como número do ZapChame (95) 98402-0502, que funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, incluindo feriados. Até junho de 2024, foram mais de 150 atendimentos por meio do WhatsApp e quase 100 mulheres acolhidas pelos serviços da secretaria.
“Entendemos que a educação é também uma ferramenta primordial para combater a violência doméstica e familiar. As nossas equipes estão presentes de diferentes formas na sociedade para mudar esse cenário que é assustador para nós, mulheres. A Secretaria Especial da Mulher é um reforço de todo o trabalho que o parlamento tem feito em prol das mulheres por meio de leis importantes, atuando diretamente com as vítimas”, enfatizou a secretária Especial da Mulher, deputada Joilma Teodora (Podemos).
Durante a palestra, é exibido um vídeo em que uma mulher, depois de ser agredida pelo marido, acaba morrendo, o que retrata a realidade de muitas mulheres em Roraima. A equipe também explica a criação da Lei Maria da Penha e a ferramenta violentômetro, caracterizada pelas cores amarelo, laranja e vermelho, isto é, que medem o grau de agressão sofrido pela mulher.
“O projeto de palestras sobre violência doméstica e familiar tem o intuito informativo, pois visamos repassar as informações como prevenção para quem está começando a fase de relacionamento, e os mais novos para terem a percepção dos sinais vermelhos dentro do próprio lar. Estamos na luta para levar isso ao maior número de escolas possível, porque a violência não tem classe social, credo ou raça, sendo abrangente em todos os níveis da sociedade”, frisou a diretora da Secretaria Especial da Mulher, Glauci Gembro.
Onde buscar ajuda?
A Secretaria Especial da Mulher tem como objetivo promover a igualdade de gênero e o empoderamento de vítimas de violência doméstica e familiar. Uma das suas missões é incentivar mulheres a romperem ciclos de violência e outras violações de direitos, oferecendo atendimento multidisciplinar.
Para ter acesso ao atendimento presencial em Boa Vista, dirija-se à Avenida Santos Dumont, nº 1470, bairro Aparecida, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, sem intervalo para o almoço. Já em Rorainópolis, o núcleo da secretaria funciona na Rua Senador Hélio Campos, sem número, BR-174.