ARTISTAS DE RORAIMA

Sony Ferseck, voz poética de Roraima está entre os finalistas do Prêmio Jabuti

Escritora foi selecionada por meio da obra "Weiyamî: mulheres que fazem sol"

Foto: Nara Nasco
Foto: Nara Nasco

Roraima, um estado brasileiro marcado pela diversidade cultural e pelas riquezas naturais, ganha destaque no cenário literário nacional com a presença de Sony Ferseck entre os dez finalistas na categoria Poesia do renomado Prêmio Jabuti. 

A obra que a coloca nessa lista selecionada é “Weiyamî: mulheres que fazem sol”, uma criação literária que não apenas enriquece a literatura brasileira, mas também destaca a importância da cultura indígena, especialmente do povo Macuxi.

Escrito por Sony Ferseck e ilustrado por Georgina Sarmento, ambas pertencentes ao povo Macuxi, “Weiyamî” é mais do que um livro de poesia; é uma homenagem poderosa às mulheres indígenas, com um foco especial nos habitantes do Circum-Roraima. 

A autora, nascida em 1988 e conhecida também pelo nome Wei Paasi em Makuxi maimu, traz à tona as vozes muitas vezes negligenciadas dessas mulheres, destacando seu papel fundamental nas lutas particulares e na busca por direitos para seus povos originários.

Sony Ferseck revela a inspiração por trás de “Weiyamî”, destacando a participação ativa das mulheres na organização contra o alcoolismo entre os homens indígenas em Roraima. Este problema, além de ser grave por si só, também impactou as qualidades da luta pela terra. Assim, a obra se torna um veículo de empoderamento, trazendo as mulheres indígenas para o centro da narrativa, um lugar muitas vezes negligenciado nas tradições culturais.

A poeta ressalta que o ressurgimento das mulheres em sintonia com suas culturas e seu empoderamento não apenas gerou conquistas notáveis, como a nomeação de uma Ministra dos Povos Indígenas e a primeira presidente indígena da Funai, mas também reforça a resiliência dessas comunidades frente à violência, misoginia e genocídio. Sony Ferseck acredita que, apesar dos desafios, as mulheres continuarão a desempenhar papéis importantes nas esferas da arte, política e ciência.

Quem é Sony Ferseck? Além de seu nome na poesia, Wei Paasi em Makuxi maimu, Sony Ferseck é formada em Letras pela Universidade Federal de Roraima (2012), mestre em Literatura, Artes e Cultura Regional (2016) e atualmente doutoranda em Estudos Literários pelo Poslit/UFF. Sua trajetória inclui a publicação de “Pouco Verbo” (Máfia do Verso, 2013) e “Movejo” (Wei, 2020). Co-fundadora da Wei Editora, a primeira editora independente de Roraima, por qual lançou seu mais recente título, “Weiyamî: mulheres que fazem sol.”

Obra ganha destaque com as ilustrações da artista plástica Georgina Sarmento que está ao lado de Sony na fotografia (a direita da foto) Foto: Nara Narco

Prêmio Jabuti

O Prêmio Jabuti, instituído em torno de 1958, é uma parte vital do patrimônio cultural do Brasil. Além de considerar e divulgar o poder da produção literária nacional, o prêmio valoriza cada elo na cadeia do livro, conectando-se com diversos públicos leitores e absorvendo as mudanças da sociedade ao longo dos anos.

A presença de Sony Ferseck entre os finalistas destaca não apenas a excelência literária da obra, mas também a representatividade e a riqueza cultural que ela traz consigo. Neste contexto, “Weiyamî: mulheres que fazem sol” não é apenas um livro, mas uma celebração da diversidade e da força das mulheres indígenas de Roraima.