Turismo em Uiramutã: o que encontrar na cidade mais indígena do País

Cidade do extremo Norte de Roraima é exuberante, rica em fauna e flora, e um lugar perfeito para trilhas de aventura e banhos de cachoeira

Cachoeira Sete Quedas, na comunidade indígena Urucá, em Uiramutã (Foto: Divulgação)
Cachoeira Sete Quedas, na comunidade indígena Urucá, em Uiramutã (Foto: Divulgação)

Distante a 315 quilômetros de Boa Vista pelo norte da rodovia federal BR-174, Uiramutã é um potencial turístico ainda pouco explorado na exuberante região das serras, no extremo Norte de Roraima. Repleto de belezas naturais, o Município é um dos poucos no Estado que ainda mantém a cultura indígena tradicional.

Com população estimada em 13.751 habitantes, dos quais mais de 96% são indígenas, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), Uiramutã aposta no turismo ecológico e de aventura para impulsionar sua economia.

A cidade mais indígena do Brasil é repleta de cachoeiras, corredeiras, serras, trilhas e sítios arqueológicos, ambientes propícios para a visitação pública, sem oferecer qualquer tipo de risco ao meio ambiente ou aos povos tradicionais.

No Município, existem mais de 200 guias turísticos indígenas formados. São condutores capacitados e habilitados para acompanhar os visitantes. A proposta é proporcionar muita aventura, mas também segurança a quem quer conhecer a região e a rica cultura local.

Para os turistas que chegam ao Município, a orientação é que procurem a Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente para receberem informações seguras sobre o turismo na região. A pasta indicará um guia habilitado e os locais seguros para visitações. O turista também será informado dos locais que vendem comidas típicas e artesanatos.

Infraestrutura

Na sede de Uiramutã, o turista encontra hotéis, pousadas, restaurantes, açougue, farmácias, agências bancárias e um comércio quase sempre movimentado. Atualmente, o Município dispõe de 280 leitos distribuídos em hotéis, pousadas e áreas de camping para os mais aventureiros.

O visitante também encontra posto de combustível, hospitais, destacamento da Polícia Militar e outras repartições públicas. Nos hotéis e pousadas, a diária fica entre R$ 150 e R$ 180. Na área gastronômica há restaurante que cobra comida a quilo e outros que vendem o prato feito por até R$ 20.

Na sede, o visitante também encontra lojas de roupas, distribuidoras de bebidas e bares. No centro da cidade há uma praça com quadra de areia. Há ainda churrascaria e peixaria no Centro.

Os visitantes podem alugar ou locar picapes para se deslocarem até os pontos turísticos permitidos no Município. O preço do aluguel de carros, já com motorista da região, depende da distância do local a ser visitado e do tempo de locação.

Principais pontos turísticos

Serra de Uiramutã (Foto: Divulgação)

Uiramutã é formado por serras, rios e lavrados. A natureza é exuberante e os pontos turísticos estão por todo canto. No roteiro da aventura, a comunidade indígena Flexal, 26 quilômetros distante da sede do Município, é uma das mais exóticas. Já a cinco quilômetros da sede, na mesma estrada que leva à comunidade, o turista já pode se refrescar nas corredeiras do Paiuá I e II.

Corredeiras do Paiuá, em Uiramutã (Foto: Divulgação)

O Paiuá I, de fácil acesso, fica à beira de uma estrada de piçarra que leva até o Flexal. No local, há uma palhoça com espaço para redes e área de churrasqueira. Mais à frente, o turista encontra a cachoeira do Trovão, assim chamada por causa do barulho que a queda de água faz. O percurso é feito de carro, seguido de uma trilha leve com uma hora de caminhada.

Já as cachoeiras do Urucá e do Urucazinho, ainda na mesma estrada, ficam a 13 quilômetros da sede. O nome Urucá vem da língua macuxi e significa igarapé do ouro. A Urucá é uma das mais belas cachoeiras do Município, pois suas águas possuem um tom incrível de verde esmeralda.

Cachoeira Sete Quedas, na comunidade indígena Urucá, em Uiramutã (Foto: Divulgação)

A cachoeira Sete Quedas está localizada na comunidade indígena Urucá, a dez quilômetros de distância da sede. O nome foi dado por causa do número de quedas que a cachoeira possui. É um ótimo lugar para quem procura tranquilidade e harmonia com o meio ambiente.

O turista também pode visitar a Serra do Cruzeiro, que fica a um quilômetro da comunidade indígena Uiramutã, ao lado da sede. Do alto, é possível ver a área urbana da cidade. É um lugar perfeito para quem gosta de apreciar o nascer e o pôr-do-sol. A serra também tem um simbolismo religioso. Lá, moradores acedem velas, rezam e fazem orações.

Pôr-do-sol na Serra do Cruzeiro, em Uiramutã (Foto: Divulgação)

Na comunidade indígena Nova Vida, distante a 18 quilômetros da sede, fica o exuberante Vale dos Cristais. Lá, os indígenas executam projetos ambientais e produzem “beiju” (feito com a farinha de mandioca). Eles ainda assam peixes e destilam o Bajá, também conhecido como Pajuaru, que é uma bebida indígena tradicional.

Arte indígena

Na comunidade indígena do Flexal, a 26 quilômetros da sede de Uiramutã, as indígenas mantêm uma cultura há séculos, produzindo panelas de barro. Elas moldam e transformam argila em arte. Ao final de um cansativo processo, a panela termina na mesa e serve para alimentar toda a família. O artesanato também é vendido aos turistas.

A produção da panela de barro já faz parte da tradição indígena dos moradores do Flexal. Secular, a arte macuxi também serve para impulsionar a economia na comunidade. O preço da panela varia de acordo com o tamanho.

Primeiro, os indígenas vão retirar o barro distante da comunidade. Depois, a matéria prima é seca e peneirada. O material, então, é misturado à água e colocado para “descansar” por pelo menos duas horas. Após isso, o barro passa a ser modelado pelas artesãs.

Todo o trabalho é feito à mão. No final, a panela é polida com pedra e colocada no fogo para assar e endurecer. Em seguida, as panelas ficam prontas para serem utilizadas e vendidas. Cada panela precisa de argila específica, caso contrário, o artesanato não dá certo.

Festejo de São Sebastião

No setor cultural, Uiramutã também se destaca com o tradicional Festejo de São Sebastião que, neste ano, será realizada entre 27 de fevereiro e 1° de março, na sede do Município. A Prefeitura vai pagar, nesta 65ª edição, mais de R$ 100 mil em premiações em várias modalidades esportivas e desfiles.

Já foram confirmadas, para este ano, as bandas nacionais Forró Ideal e Xandinho Balanço da Sanfona, e locais como a Sacolejo. Durante os três dias de festa, o forró vai até o dia amanhecer.

Na área esportiva, haverá torneio de futebol masculino, feminino, mirim e pré-mirim. Os amantes do vôlei também disputarão partidas. O Enduro Cross e a tradicional corrida de cavalos, sem dúvida, são as competições mais disputadas durante o festejo. É muita adrenalina. Neste ano, a coordenação do evento ainda inovou com provas de atletismo.

Também haverá desfiles da Garota Paiuá e a escolha da Rainha do Festejo. Nesta edição, após parceria entre a Prefeitura e o Sebrae-RR, agricultores e artistas regionais poderão expor e vender seus produtos na primeira Feira Agrocultural de Uiramutã. São inúmeras atrações esportivas e culturais durante o 65° Festejo de São Sebastião.

“Teremos muitas atrações esportivas, culturais e musicais. Também teremos este ano uma feira agrocultural para venda de produtos daqui. Nosso Município está de portas abertas para recebê-los”, afirmou o prefeito de Uiramutã, Tuxaua Benísio (Rede).