Após terem sido retirados da propriedade que residiam na Comunidade Sucumbeira no município de Normandia, a família procurou a FolhaBV, através de uma advogada, para relatar sobre a situação que aconteceu no último dia 11 em que eles teriam sido ameaçados e retirados de suas residências.
A advogada da família, Carolina Silva, afirmou que a informação de que eles nunca teriam residido na Comunidade é falsa, e que a casa foi construída na região sendo autorizada pelo tuxaua da comunidade do Canaã.
“O esposo da Gilcilene não é fazendeiro, e sim um indígena da região da Sucumbeira; ele tem todos os documentos que comprovam isso, inclusive, o próprio foi convidado e autorizado pelo próprio tuxaua para residir no local e pela Funai”, esclarece a advogada.
Carolina Silva ainda complementa que tanto o esposo de Gilcilene, são indígenas e dois filhos do casal nasceram na comunidade. Ela alega que a família contribuiu para a melhora da comunidade e que eles também são membros como os outros indígenas.
A advogada ainda esclarece que vários gados foram furtados da família “Conforme o tempo foi passando eles passaram a notar que o gado foi sumindo, então, eles entraram em contato com o tuxaua para resolver a situação. Mas que nada foi feito”, declara Carolina.
A família pede que a Funai-RR (Fundação Nacional do Índio) tome as medidas necessárias para que eles tenham os direitos garantidos como indígenas, alegando foram privados do direito da própria comunidade de retornar de forma apaziguadora a sua residência.
A advogada da família entrou com uma ação na vara cível de Bonfim pedindo ressarcimento pelo furto dos gados e danos materiais.
OUTRO LADO – O conselheiro Heliton Lopes, da Comunidade Sucumbeira no município de Normandia, acionou a FolhaBV no último dia 15, para prestar esclarecimentos sobre a denúncia de que moradores da região estariam sendo ameaçados e retirados de suas residências. Ele disse que a alegação não procede e que a família denunciante não mora no local.
Segundo Heliton, a família denunciante nunca residiu na comunidade Sucumbeira, mas construiu uma casa na região sem acordar com os indígenas que moram no local. Ainda, que antes do conflito as medidas foram comunicadas para a Polícia Civil, Polícia Militar de Roraima e Exército Brasileiro.
POLÍCIA CIVIL – A Polícia Civil de Roraima (PCRR) informou que acionou a Fundação Nacional do Índio (Funai) para apurar o ocorrido na região. A instituição explica que há pelo menos seis anos existe uma disputa por terra e gado entre um grupo de indígenas da Comunidade Indígena da Sucumbeira e um casal indígena originário da Comunidade do Lago da Veada, na região de Normandia.
A Polícia Civil diz ter apurado que houve uma parceria entre eles há mais ou menos seis anos para tratar um gado que estava morrendo, pertencente ao casal de indígenas do Lago da Veada, que foi morar na Comunidade Sucumbeira. Tempos depois, a parceria foi desfeita e iniciou-se uma série de conflitos que tem causado violência física, ameaças, danos materiais, disputa pela terra e o gado.