Cotidiano

Conselheiro alega que família não mora na Comunidade Sucumbeira

Conflito foi registrado na última semana no município de Normandia

O conselheiro Heliton Lopes, da Comunidade Sucumbeira no município de Normandia, acionou a FolhaBV para prestar esclarecimentos sobre a denúncia de que moradores da região estariam sendo ameaçados e retirados de suas residências. A informação relatada é que a alegação não procede e que a família denunciante não mora no local.

Segundo Heliton, a família denunciante nunca residiu na comunidade Sucumbeira, mas construiu uma casa na região sem acordar com os indígenas que moram no local. Ainda, que antes do conflito as medidas foram comunicadas para a Polícia Civil, Polícia Militar de Roraima e Exército Brasileiro.

Ele explica que a ligação entre os indígenas da comunidade Sucumbeira e a família denunciante iniciou ainda em 2015. Na época, o fazendeiro e criador de gados, morador de uma localidade há 35 quilômetros da comunidade, acionou Heliton para que os animais pudessem ser criados na região por conta da seca.

Inicialmente, o acordo feito entre as partes era que os indígenas aceitariam a entrada de cerca de 180 animais na comunidade e, em troca, receberiam dez gados ao ano. Heliton explica que inicialmente não havia problemas e que o fazendeiro inclusive levava os filhos e a família para atendimento médico na comunidade. 

Por conta desse acordo, o fazendeiro teria entrado em contato novamente com Heliton há cerca de dois anos solicitando que pudesse instalar uma pequena propriedade mais próxima da comunidade Sucumbeira, para que pudesse permanecer com os filhos durante os dias de atendimento médico.

“Foi discutido isso com as lideranças e acordado a instalação de uma casa e a comunidade deu um espaço para ele. Só isso, no estilo dos indígenas, feita de palha. Mas ele (o fazendeiro) tem condições e fez várias propriedades no local”, afirma. “Nós só fomos descobrir quando as casas já estavam de pé”, afirma Heliton.

CONFLITO –  Desde então, o conselheiro afirma que mais de dez lideranças indígenas tentaram entrar em contato com o fazendeiro pedindo que o mesmo saísse do local, mas sem sucesso. No dia 30 de janeiro, as lideranças dizem que acionaram a família e deram um prazo de dez dias para a saída das pessoas do local.

“As pessoas que denunciaram nunca moraram lá, quem morava era um caseiro. Eles sempre moraram na fazenda deles. Mas no dia o fazendeiro mandou a mãe com 84 anos, a sogra, os filhos e a esposa para a casa”, reclama. “Na hora da operação a gente teve precaução, comunicamos, sem nenhuma violência. Tudo que essas pessoas falaram é uma inverdade. Nós indígenas não vamos baixar a cabeça. Nós estamos apenas defendendo o que é nosso, de acordo com os nossos costumes”, relatou Lopes.

No momento, a informação repassada pelo conselheiro é que a família está retirando os seus itens pessoas do local. Ele reforça que as lideranças pedem que os denunciantes permaneçam na sua área. “Ele [fazendeiro] é indígena, na época da desintrusão ele conseguiu o Rani (Registro Administrativo de Nascimento de Indígena) e permaneceu na área dele com um total de 2.200 hectares de terra dentro da reserva. Nós só queremos que ele permaneça na área dele”, completou.

ENTENDA – Moradores do município de Normandia relataram que tiveram sua casa e pertences destruídos no dia 11 de fevereiro por quatro criminosos, segundo eles, à mando do tuxaua da comunidade do Canaã. 

Sobre o relato de que moradores estariam recebendo ameaça para sair de sua residência em Normandia, a Polícia Civil de Roraima (PCRR) informou que acionou a Fundação Nacional do Índio (Funai) para apurar o ocorrido na região.

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