Moradores de Pacaraima, cidade da fronteira do Brasil com a Venezuela, fazem na manhã desta terça-feira (20) um protesto pacífico contra a falta de segurança na cidade. A maioria dos manifestantes são taxistas e fazem uma carreata com direito a buzinaço por ruas e avenidas. Eles também pedem rigor na fiscalização contra taxistas clandestinos.
Segundo eles, a falta de policiais no posto de fiscalização da Força-Tarefa de Segurança Pública (FTSP), na rodovia federal BR-174, colocou a região à mercê de criminosos venezuelanos, que entram no País com drogas e armas. A FTSP é coordenada pela Polícia Federal (PF) e integrada pelas polícias Militar, Civil e Rodoviária Federal, e secretarias estaduais de Justiça e Cidadania (Sejuc) e de Segurança Pública (Sesp).
“Muitos veículos estão vindo da Venezuela atuando como táxi de forma clandestina e a fronteira só tem um fiscal e fica impossível dar conta. Ontem mesmo os taxistas estavam ajudando na fiscalização”, relatou uma moradora, que pediu anonimato.
No final desta manhã, os manifestantes foram à Prefeitura de Pacaraima após passarem pela Câmara Municipal. A intenção é pedir apoio da classe política local para reverter a situação.
A Folha não conseguiu contato com o prefeito Juliano Torquato (Republicanos) sobre o assunto. Ele não retornou o contato, mas após a publicação da reportagem, usou as redes sociais para negar que o motivo do protesto seria a falta de segurança. “O que ocorreu foi uma reunião com as cooperativas de táxis, para buscar soluções sobre irregularidades de transportes clandestinos, conforme denúncias apuradas por munícipes”, escreveu.
A presidente da Casa, vereadora Dila Santos (Solidariedade), explicou que o ato tem como alvo os motoristas de táxi e de aplicativo clandestinos. “Ontem, eles pegaram mais de 40 táxis clandestinos, fazendo a linha Boa Vista a Pacaraima”, disse.
A reportagem pediu posicionamento de entes envolvidos na FTSP, como o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), a PF e a Sesp, e aguarda retorno.
Em outubro passado, a Folha revelou que a FTSP corria o risco de acabar por falta de verba. Na época, o MJSP confirmou que não houve formalização de pedido de custeio para integrantes da força-tarefa. A Sesp, por sua vez, havia prometido pedir o fortalecimento da operação no Estado. E a PF dissera que continuava em Pacaraima para fiscalizar a fronteira, independentemente das atividades desempenhadas no âmbito da força-tarefa.
Antiga Ficco, a FTSP foi criada em 2019 para reduzir os índices de criminalidade violenta no Estado, combatendo crimes como tráfico de drogas e de armas. Em junho, na ocasião do aniversário de três anos do grupo, as forças de segurança pública locais comemoraram que os agentes desarticularam tribunais do crime e conseguiram evitar a execução de policiais.
*Atualizado às 14h29