O advogado criminalista Pedro Coelho, que representa os coronéis da Polícia Militar Natanael Felipe de Oliveira, e Moisés Granjeiro no processo que trata sobre o sequestro do jornalista Romano dos Anjos, concedeu entrevista a Folha, onde relatou a demora no andamento da ação.
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Os policiais foram presos em 16 de setembro de 2021, durante a Operação Pulitzer, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Roraima (MPRR).
De acordo com o advogado, não existe motivo para que as prisões sejam mantidas.
“O MPRR entendeu que não há indícios de organização criminosa e retirou a denúncia, portanto não há motivo para que as prisões sejam mantidas, tendo em vista que todos são réus primários, com bons antecedentes”, explicou.
Em abril deste ano, o promotor Marco Antonio Azeredo pediu que a Polícia Civil concluísse as investigações sobre o caso envolvendo o sequestro. Pois segundo ele, não existiam provas concretas de que tenha sido formada uma organização criminosa ou que tenha havido obstrução de justiça.
Na época, ele solicitou ainda que os autos fossem devolvidos para a polícia para o aprofundamento das investigações em relação tão somente aos delitos de organização criminosa e obstrução à justiça,
Ainda de acordo com o advogado Pedro Coelho, a demora na elaboração do novo relatório atrasou o andamento do processo. “Precisaram de 90 dias para refazer um relatório, que não mudou nada, apenas editaram as informações que já estavam contidas no outro relatório”, disse.
O advogado disse ainda que a prisão preventiva pode ser substituída por medidas cautelares.
“Se não existe organização criminosa porque tecnicamente até o momento não existe. Qual é a razão de não se impor liberdade com medidas cautelares, com restrição. Mas não, tem que ser a prisão, porque parece que tem que satisfazer a sanha daquele público que quer ver a desgraça alheia”, acrescentou.
Doze pessoas foram indiciadas pelo sequestro do jornalista Romano do Anjos, entre eles, o ex-deputado estadual Jalser Renier Padilha, apontado como o mandante do crime.
Os réus respondem pela prática de 07 crimes: Violação de domicílio qualificada, cárcere privado, roubo majorado, dano qualificado, constituição de milícia privada, tortura/castigo qualificada e sequestro qualificado.
O jornalista Romano dos Anjos foi sequestrado no dia 26 de outubro. Ele foi encontrado no outro dia na zona rural de Boa Vista, com marcas de agressão, e chegou a passar por uma cirurgia no braço. O carro do jornalista foi incendiado.
OUTRO LADO – A reportagem entrou em contato com o Tribunal de Justiça de Roraima, e com a Polícia Civil e aguarda retorno.