Polícia

16 dias após encontrar 14º corpo na Terra Yanomami, PF não divulgou nomes

Responsável pela investigação envolvendo o ataque à comunidade Uxiú, em 29 de abril, e da escalada de violência, a Polícia Federal mantém sigilo também sobre circunstâncias das mortes.

Há 16 dias, a Polícia Federal encontrou o 14º corpo na Terra Yanomami, em meio a uma escalada de violência na região. O ponto de partida foi o ataque que matou o agente de saúde Ilson Xirixana, 36 anos, no dia 29 de abril, na comunidade Uxiú. Desde então, a identidade das vítimas é mantida em sigilo.

Após o ataque que matou Ilson e deixou outros dois indígenas feridos, a Polícia Rodoviária Federal entrou em confronto no dia 30 de abril com quatro atiradores, que morreram. Foi revelado apenas que um dos mortos era procurado da Justiça do Amapá.

Já no dia 2 de maio, oito corpos foram localizados em uma área próxima da Comunidade Uxiú. Já no dia 6, uma mulher foi encontrada com sinais de violência sexual e enforcamento. Nenhum nome foi revelado oficialmente.

A FolhaBV procurou a Polícia Federal ao longo deste período para obter informações sobre a identidade das vítimas, mas não obteve respostas. A reportagem também fez a solicitação por meio da Lei de Acesso à Informação, mas foi informada de que a PF não fornece informações sobre investigações policiais por este canal.

Uma nova solicitação foi enviada neste domingo (21) a PF, para esclarecimentos sobre a ausência de informações sobre as vítimas. Até a última atualização desta reportagem não houve respostas.

Também procurado neste período, o Governo de Roraima informou por meio de nota que “não cabe ao Executivo estadual relatar sobre quaisquer informações sobre estas investigações” e que “toda e qualquer informação só pode ser divulgada pela Polícia Federal”.

Fontes policiais da FolhaBV afirmam que, para impedir vazamentos, os nomes dos corpos identificados sequer foram inseridos no livro do Instituto Médico Legal (IML) e que os servidores foram orientados a não repassar qualquer informação sobre o andamento deste caso à imprensa. A reportagem procurou o governo que se manifestou por meio da seguinte nota:

A Polícia Civil de Roraima informa, por meio do Instituto de Medicina Legal, que há um controle rigoroso de todas as perícias realizadas, seja na pessoa viva ou morta, com registros em livros, anotadas as entradas e saídas.

Em relação às perícias específicas das vítimas de homicídios ocorridos na área Yanomami, a Polícia Civil esclarece que todas as informações em relação a esses casos, sejam elas referentes às investigações ou perícias, são de atribuição da Polícia Federal. 

Isto posto, cabe à Polícia Civil somente efetuar a perícia e encaminhar o laudo à autoridade policial, no caso à Polícia Federal.