O último envolvido na execução da adolescente Alessandra de Souza Costa, de 17 anos, ocorrida em março de 2020, foi preso nessa quinta-feira (22) em Mucajaí por uma guarnição da GCM (Guarda Civil Municipal). O auxiliar de serviços gerais C. M. S., de 30 anos, estava com mandado de prisão decretado pela 1ª Vara do Tribunal do Júri e 1ª Militar da Comarca de Boa Vista.
De acordo com informações prestadas pelo delegado Regional, Adriano Santos, o acusado C. M. S., era a última pessoa que faltava ser presa, pela de participação na morte da adolescente.
O CASO – A adolescente desapareceu no dia 03 de março de 20202 e os familiares registraram Boletim de Ocorrência no 4º Distrito Policial, no dia 04 de março, de 2020. O caso passou a ser investigado pelo NIDP (Núcleo de Investigação Pessoas Desaparecidas), DGH (Delegacia Geral de Homicídios) e DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). As investigações contaram com o apoio da DICAP (Divisão de Inteligência e Captura), da Secretaria de Justiça e Cidadania.
Na ocasião, as investigações levaram à prisão de dois homens em flagrante e uma adolescente de 16 anos apreendida, por participação no assassinato de Alessandra. Ela foi vista pela última vez na manhã no dia 03, quando saiu de casa para ir à escola e não foi mais vista.
As investigações levaram os policiais até uma amiga de escola da vítima, e, assim, conseguiram esclarecer todo o crime. Contra a adolescente, que confessou participação na morte da amiga, foi lavrado um AAFAI (Auto de Apreensão em Flagrante por Ato Infracional). Também foram presos em flagrante B. V. C., de 18 anos, (Irmão da adolescente) e M. A. R. S., de 20 anos.
Segundo o delegado Adriano Santos, que na época era diretor do DHPP e presidiu as investigações, o crime foi praticado com requintes de crueldade.
Foi constatado durante a investigação que a adolescente amiga da vítima, envolvida em sua morte, havia alinhado o discurso com o irmão, alegando que esteve com a jovem, almoçou com ela, mas que depois a garota teria saído da casa em um UBER e não a viu mais.
Entretanto, durante interrogatório ela se contradisse, começou a chorar e se disse arrependida. A adolescente contou detalhes de como aconteceu o crime, o que levou os policiais a identificar e prender os demais envolvidos.
A MOTIVAÇÃO DO CRIME – A morte de Alessandra foi motivada pelo fato de que um dos autores do crime achou que a vítima estaria tentando se aproximar dele, com a intenção de atrai-lo à morte, uma vez que ela teria comentado com ele, que se relacionou no passado com um integrante de uma facção rival, com quem teve um bebê.
Ao comentar com amigos sobre isso, dentre eles M. A. R. S., o acusado B.V.C., foi alertado de que a vítima, na realidade não estava interessada nele, mas sim em armar uma “casinha”, para que fosse morto. Esse foi o motivo que ele decidiu matar a garota.
B.V. C. acertou de pegar a adolescente na escola, no dia 03, e depois a levou para casa do acusado M. A. R. S., onde almoçou na companhia dele e de sua irmã de 16 anos, amiga da vítima.
Segundo o delegado, os dois irmãos atraíram a garota para a morte. No dia do crime, eles almoçaram com ela e depois a garota foi para o quarto com o acusado B. V., onde ficaram por uns 40 minutos. Na ocasião, o acusado M. A. R., saiu da casa para buscar reforço para matar a adolescente, retornando ao local com dois homens, identificados por T. C. B. e C. M. S.
B. V. C., saiu do quarto alegando à adolescente que buscaria um carregador para o telefone, ocasião em que os dois homens entraram e mataram a garota estrangulada, com um “mata leão”.
“Atuação deles foi tão rápida, que os assassinos disseram aos demais que ela não esboçou nem reação de gritar. Depois de matarem a adolescente, os acusados deixaram o local. Em seguida, B. V. C., sua irmã e M. A. R., amarraram as pernas e braços dela com um pano e esconderam o corpo debaixo de uma cama, para, assim, cuidarem de encontrar um transporte para removê-lo do local”, detalhou o delegado.
A adolescente pediu um veículo Pampa de uma tia emprestado, alegando que o irmão faria uma cobrança e depois o devolveriam. O grupo passou em um posto de combustível, abasteceu o veículo e comprou gasolina com a intenção de queimar o corpo da adolescente.
O corpo de Alessandra Souza foi levado pelos criminosos para o Anel Viário, nas proximidades do igarapé Urubuzinho, e no local eles encharcaram de gasolina e depois atearam fogo.
Foi a adolescente quem levou os policiais até o local em que o corpo foi incendiado, na tarde do dia 06 de março. O corpo foi recolhido ao IML (Instituto de Medicina Legal) e se encontrava esqueletizado e parcialmente carbonizado.
Na ocasião, a Polícia Civil lavrou um AAFAI (Auto de Apreensão em Flagrante por Ato Infracional) contra a adolescente que confessou o crime por homicídio qualificado, vilipêndio de cadáver e associação criminosa. Também foi lavrado um APF (Auto de Prisão em Flagrante) pelo mesmo crime, em desfavor dos dois homens adultos que participaram da execução da jovem.
“Todos os envolvidos no crime foram identificados. T. C. B., foi preso em Marabá, no Pará, no mesmo ano e agora, com a prisão de C. M. S., a Polícia Civil encerra as buscas para localizar a última pessoa envolvida neste crime”, disse o delegado.
O mandado de prisão foi cumprido na Delegacia de Mucajaí e, após formalizada sua prisão, ele foi apresentado nesta sexta-feira na Audiência de Custódia.