FIM DA NOVELA?

Governador e deputados participarão de evento em que Lula autorizará obras do Linhão

Outros três deputados federais confirmaram participação na solenidade de assinatura, em Parintins, no interior do Amazonas

O governador Antonio Denarium com o presidente Lula
O governador Antonio Denarium com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em março de 2023, em Boa Vista (Foto: Secom-RR)

O governador Antonio Denarium (Progressistas) confirmou a participação no evento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai assinar a ordem de serviço das obras do Linhão de Tucuruí, que promete acabar com o isolamento energético de Roraima do País. É o segundo evento para autorizar os serviços – o primeiro foi em outubro de 2022, ainda sob o Governo Bolsonaro.

Até a publicação da reportagem, os deputados federais Duda Ramos (MDB), Helena Lima (MDB) e Gabriel Mota (Republicanos) são outras autoridades do Estado que confirmaram à Folha a presença no evento marcado para essa sexta-feira (4), em Parintins (AM). Stélio Dener (Republicanos) disse que acompanhará à distância.

“Após 37 anos, o Linhão de Tucuruí vai chegar ao nosso Estado, trazendo avanço, crescimento, uma energia mais barata, mais limpa. A gente vai poder ter grandes indústrias no Estado, que até então não pôde ter, porque não temos uma energia de qualidade e, com isso, gerando emprego, renda pra nossa gente, que é o que a gente precisa”, afirmou Ramos, que define o ato como “histórico”.

No mesmo evento, Lula vai anunciar a retomada do programa Luz para Todos, que visa estender o fornecimento de energia elétrica a moradores que vivem em regiões remotas da Amazônia Legal, e ainda a interligação de Parintins, Itacoatiara (AM) e Juruti (PA) ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

O Linhão

A construção das linhas de transmissão pelo consórcio TNE (Transnorte Energia) foi motivo de um impasse de mais de uma década, envolvendo o governo federal e os indígenas Waimiri Atroari, também conhecido como Kinja, que cobravam ser consultados sobre o projeto. Várias decisões judiciais, solicitadas por órgãos federais ao longo dos últimos dez anos, barraram o empreendimento.

Após muita negociação, em maio de 2022, cerca de 450 lideranças Waimiri-Atroari aceitaram a proposta do consórcio e do governo federal para a construção passar pelo território indígena. Na ocasião, os entes apresentaram um plano básico ambiental com 37 impactos à terra indígena, dos quais 27 são irreversíveis. Com isso, o então presidente Jair Bolsonaro oficializou, por meio de decreto, a compensação de R$ 90 milhões aos Kinja.

Em setembro do mesmo ano, um acordo judicial encerrou as ações civis públicas relacionadas ao licenciamento ambiental, o que permitiu o andamento das obras, cuja previsão é terminar em 36 meses.

O Linhão terá 715 quilômetros de extensão, sendo 425 em Roraima e 290 no Amazonas, e será construído às margens da rodovia federal BR-174, que liga Boa Vista a Manaus. Cento e vinte e dois quilômetros das linhas de transmissão irão passar pela Terra Indígena, situada entre os dois estados.

O projeto foi reconhecido como de interesse nacional pelo Conselho de Defesa Nacional (CDN), qualificado como estratégico pela Secretaria do Programa de Parcerias de Investimentos (SPPI) e a interligação foi reconhecida como de interesse estratégico pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). O MME analisa que o Linhão vai reduzir os custos da energia roraimense – atualmente baseada em termelétricas, entre as que produzem energia limpa -, divididos entre os consumidores brasileiros.

O Governo Denarium avalia que a interligação de Roraima ao SIN vai reduzir a conta de energia e culminar na atração de novos investidores, indústrias, geração de emprego e crescimento econômico do Estado.

Em seu site oficial, a TNE informa que, durante a fase de implantação do empreendimento, espera a criação de cerca de três mil empregos diretos, distribuídos entre canteiros de obra e escritórios, além de indiretos decorrentes da cadeia produtiva necessária para fornecer os insumos a serem utilizados.

O consórcio prevê cerca de 1.450 torres metálicas treliçadas, tipo autoportantes e estaiadas, com altura para que os cabos fiquem acima da copa das árvores. Aproximadamente 250 torres vão passar pela Terra Indígena Waimiri-Atroari.