Cotidiano

Garimpeiros incendeiam UBS indígena em resposta a operação, diz associação

Desde o último dia 21, agentes das instituições estão no território indígena para promover a terceira fase da operação Guardiões do Bioma

Garimpeiros incendiaram a Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) de Homoxi, na Terra Indígena Yanomami em Roraima, nessa terça-feira (6). A denúncia foi feita pela Urihi Associação Yanomami, em nota divulgada nas redes sociais.

A Urihi disse acreditar que a ação é uma forma de retaliar a operação realizada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis) na segunda-feira (5), na região. Desde o último dia 21, agentes das instituições estão no território indígena para promover a terceira fase da operação Guardiões do Bioma.

Desde setembro de 2021, a UBSI está fechada, pois profissionais de saúde estariam sofrendo ameaças de garimpeiros da região. Segundo a Urihi, 700 yanomami estão sem atendimento. Em março deste ano, um vídeo enviado à Folha mostra o pedido de indígenas pelo retorno da saúde na localidade.

Procurado, o presidente da associação, Junior Hekurari Yanomami, prometeu à reportagem formalizar a denúncia ao Ministério Público Federal (MPF) e à PF.

Em decisões judiciais solicitadas pelo MPF, o governo federal foi obrigado a promover operações na região para combater crimes ambientais na Terra Yanomami.

Na nota, a Urihi lembrou de denúncias feitas neste ano que apontavam uma cratera nas proximidades da UBSI de Homoxi como consequência do avanço do garimpo ilegal. Além disso, citou a tomada do controle da pista de pouso por garimpeiros. Como a região é de difícil acesso, o local servia para o desembarque de aeronaves com profissionais da Saúde.

A associação também lembrou do caso em que um jovem de 25 anos foi morto em julho de 2021, atropelado por uma aeronave pilotada por um garimpeiro.

“É uma série de acontecimentos e prejuízos a vida da população Yanomami, e as mínimas ações não estão surtindo efeitos positivos. É preciso garantir qualidade de vida ao povo Yanomami bem como salvaguardar seus Direitos garantidos na Constituição, dentro do que é possível e exequível neste momento”, defende a Urihi.