Política

Garimpeiros protestam contra comissão de parlamentares em Roraima

Grupo chegou em carreata liderada por um trio elétrico, que parou no meio da via do Centro Cívico, em frente à Casa, onde os políticos estavam reunidos a portas fechadas, sem a cobertura da imprensa, na presidência

Garimpeiros foram à Assembleia Legislativa de Roraima para protestar contra a comissão de parlamentares federais que veio ao Estado para apurar denúncias de violências de garimpeiros contra indígenas na Terra Yanomami.

O grupo chegou em carreata liderada por um trio elétrico. O veículo parou no meio da via do Centro Cívico, bloqueando parte do trânsito em frente à Casa, onde os políticos estavam reunidos a portas fechadas, sem a cobertura da imprensa, na presidência. O movimento contava com reforço de policiais militares.

“Nosso estado está se sentindo ameaçado por ONGs internacionais estão vendo a implantação forte da guerra da quarta geração, não estamos aqui para desobedecer as ordens, mas para repudiar e nos manifestarmos contra a comissão”, disse Cleiton Alves, que defendeu a punição de Júnior Yanomami Hekurari, líder yanomami que denunciou às autoridades o suposto estupro seguido de morte de uma adolescente indígena de 12 anos, e o desaparecimento de uma criança, crimes que teriam sido provocados por garimpeiros.

O caso ganhou repercussão mundial e culminou em um movimento chamado “Cadê os Yanomami?”, que teve apoio de políticos e artistas que cobraram a apuração da denúncia.

A Polícia Federal, por sua vez, disse que a denúncia dos crimes supostamente ocorridos na comunidade Aracaçá, na Terra Yanomami, em Roraima, foi baseada em informações desencontradas que levam “a crer que esse ilícito não ocorreu”.

Políticos são vaiados

Ao deixar a sede da Assembleia, a deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR) e a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), integrantes do grupo congressista, foram vaiadas pelos garimpeiros. Elas saíram escoltados por três carros da Polícia Federal.


PF faz a segurança dos senadores que estão em RR (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Coordenador do Movimento Garimpo é Legal, o empresário Rodrigo Cataratas reclamou que a comissão não ouviu os garimpeiros. “O que nós precisamos? Sermos ouvidos. Eles vêm aqui, reúnem uma pequena minoria, fazem narrativas falsas, como no caso do estupro e da morte da indígena, e querem levar isso a sensibilizar a sociedade no Brasil inteiro. E isso não podemos permitir”, declarou.

Após a saída da comissão do Congresso, um diminuto grupo de garimpeiros entrou na Assembleia para tentar discutir o assunto com o presidente da Casa, deputado Soldado Sampaio (Republicanos). Eles foram levados pelo deputado George Melo (DC), que os recebeu na portaria da Casa. O parlamentar estava na reunião e criticou a comissão. “Eles vieram aqui, mas pra ouvir a gente a portas fechadas. Por que não dentro do plenário? É uma casa de debates. Esse momento tem que ser debatido junto com a sociedade civil organizada e não às escondidas como eles estavam se reunindo”, disse.

Veja o vídeo do protesto

*Atualizado às 16h50